«(...) lembro-me do que senti quando foi noticiada a constituição da Fundação Jorge Álvares. Vergonha. Desconforto. Embaraço. Uma instituição criada à última hora, no maior segredo, com dinheiros de Macau, para dar emprego e meios financeiros ao último governador e seus antecessores, era mau demais para ser verdade, na perspectiva de quem cá tinha ficado. Mais tarde ainda veio explicar-se que Edmund Ho tinha dado o seu assentimento – e Belém também. Quanto a mim, isso nada mudou de substancial. Em todo o caso, no momento em que a notícia foi conhecida, esses dados não eram sequer conhecidos. Julgo que não terei sido o único na comunidade portuguesa a sentir vontade de desaparecer, especialmente quando o jornal Ou Mun publicou um cartoon com o ex-governador a bordo de uma aeronave, com dois sacos de dinheiro pelas mãos».
(in «Uma Promessa por cumprir», Ricardo Pinto, Ponto Final, 18 de Dezembro de 2009)
«(...) de uma forma geral, para os jornalistas portugueses as mudanças foram para melhor. O Governo de Lisboa "interferia muito com a imprensa, e foi um alívio libertarmo-nos de uma administração que se preocupava tanto com a sua imagem, para fazer esquecer os anos Melancia" e sair o melhor possível na fotografia dos últimos anos da presença portuguesa na China. Havia "pressões constantes, despedimentos", afirma. "O lema de Rocha Vieira era que quem não estava com ele não era bom patriota. Havia os bons e os maus portugueses." Era frequente Ricardo Pinto ser considerado um "mau" português».
(in «Macau - Vitórias e derrotas numa terra "obediente e leal"», Francisca Gorjão Henriques, Público, 20 de Dezembro de 2009)
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