quinta-feira, 24 de julho de 2008

Cartões de crédito

Nuno Lima Bastos
24 de Julho de 2008

No início de 1995, quando cheguei a Macau, não havia cartões de crédito em patacas. Se pagasse alguma despesa com o meu cartão de Portugal, o respectivo valor nominal era-me cobrado em dólares de Hong Kong (HKD) e depois convertido para escudos, para efeitos de débito na minha conta bancária. Como isso acarretava um agravamento de 3,15% nos meus dispêndios, correspondente ao câmbio da pataca contra a divisa da então colónia britânica, depressa comecei a liquidar tudo apenas em dinheiro vivo.
É claro que os estabelecimentos comerciais podiam fazer o devido acerto cambial quando as facturas fossem pagas com cartão de crédito, mas nenhum o fazia. Assim, embolsavam um lucro adicional, uma vez que vendiam em patacas e recebiam em HKD. Eram como as lojas que actualmente colocam avisos junto às caixas registadoras, dizendo aceitar renminbis ou HKD, mas ao câmbio de um para um – se o cliente forasteiro for comodista ou, simplesmente, não tiver ainda tido oportunidade de comprar moeda local, azar o seu (e sorte a da loja).
Pouco tempo volvido, surgiram os primeiros cartões de crédito em denominação local e o Governo, certamente com receio de que os comerciantes procurassem arranjar artifícios para manter o velho lucro suplementar nas transacções com dinheiro de plástico (os tais 3,15%), fez publicar o Decreto-Lei n.º 16/95/M, de 3 de Abril, que, entre outras medidas, determinava que «todos os pagamentos de bens e serviços efectuados no território de Macau com recurso a cartões de crédito ou cartões de débito, emitidos localmente ou no exterior, terminais electrónicos de pagamento em postos de venda e outros instrumentos similares, devem ser realizados em patacas, não sendo permitido invocar esta obrigação para adicionar aos preços ajustados ou ao valor da transacção quaisquer encargos adicionais» (artigo 2.º, n.º 2). Este diploma continua integralmente em vigor.
Os lojistas perderam o brinde e muitos deles começaram, então, a adoptar uma estratégia corrente em diversos países e territórios vizinhos e que ainda hoje empesta a prática mercantilista destas paragens: quando o cliente pretende saldar a sua despesa com o cartãozinho, informam-no de que terá que suportar um adicional de 3%, correspondente à comissão do banco fornecedor do terminal electrónico de pagamento da sua chafarica, porque “já têm margens de lucro muito estreitas” ou “estão a fazer um preço muito especial”, ou outra cantiga do género. Se o freguês não quiser, que se dirija à ATM mais próxima. Se a despesa ultrapassar o limite diário de levantamento nas ditas – cerca de dez mil patacas –, só resta ao conformado comprador começar a levantar o dinheiro de véspera ou usar cheques, que não são um meio de pagamento especialmente popular por aqui. Já me aconteceu e é francamente inconveniente, além de que poucos de nós apreciam andar cheios de dinheiro no bolso, por óbvias razões de segurança.
Deste modo, os titulares de cartões de crédito, que já pagam uma anuidade ao banco, acrescida de juros elevadíssimos (na casa dos 24% ao ano) se não liquidarem o seu débito mensal na íntegra, ainda se vêm onerados com um encargo alheio para se poderem dar ao “luxo” de não andar com a carteira gorda.
Quanto aos estabelecimentos comerciais, o mínimo que se pode dizer é que esta sua conduta, além de ilegal, consubstancia uma forma de concorrência desleal, pois que exibem o logótipo da VISA ou outro afim na sua fachada, atraindo clientes que não querem ou não podem consumir com dinheiro vivo (e, por isso, não vão à loja do lado, que lhes não proporciona essa facilidade), mas não assumem o ónus dessa vantagem competitiva, transferindo-o, ao invés, para o consumidor. Podiam, até, fazê-lo de uma maneira muito simples: bastaria incorporarem ab initio a comissão do banco nos preços. Mas lá está: isso fá-los-ia perder um pouco da sua vantagem competitiva (se calhar, alguns até o fazem, mas continuam a pedir o montante adicional ao cliente)...
Neste cenário de continuada e generalizada impunidade, é curioso que a entidade supervisora da banca, a Autoridade Monetária de Macau, nada faça, nem em termos de fiscalização (que se saiba), nem no uso da sua competência regulamentar. O mesmo se diga do Conselho de Consumidores, tão esforçado em outras matérias porventura menos abrangentes do grande público.
Perante isto, só me resta terminar com duas sugestões: aos meios de comunicação social, que interpelem as autoridades competentes sobre o assunto; aos consumidores, que exijam que as facturas das suas despesas pagas a crédito mencionem discriminadamente o acréscimo cobrado, quando for o caso, e enviem cópias das mesmas aos dois organismos oficiais acima referidos. Pode ser que, assim, certos vícios comecem a mudar...

PS: O Protesto entra agora de férias, regressando na segunda quinzena de Agosto. Tenha um bom Verão!

Circuito da Guia virtual

Na sua edição de segunda-feira passada, o Jornal Tribuna de Macau divulgou que será brevemente lançado (em Novembro, ao que tudo indica) um jogo de corridas de automóveis com o Circuito da Guia: chama-se Race Pro, é da responsabilidade da sueca Simbin e parece que vai ser um exclusivo da consola da Microsoft, a Xbox 360. Mais pormenores e algumas fotografias do jogo, como esta abaixo, podem ser encontrados no website da Gamespot.

Para os aficcionados deste tipo de videojogos, há que recordar que este não é o primeiro título a incluir o traçado de Macau. Recordo-me de, pelo menos, mais dois: o muito bem sucedido Project Gotham Racing 4 (PGR4), desenvolvido pela Bizarre Creations, e o RACE 07: The WTCC Game, também da Simbin.

Tal como o futuro Race Pro, o PGR4 (nas fotos abaixo) é um exclusivo da Xbox 360 e, segundo a Koio (aquela loja "careira" em frente à Livraria Portuguesa), tem tido muita saída em Macau. Aliás, há meses que ocupa lugar de grande destaque nessa loja, podendo ser experimentado numa televisão LCD que lá têm sempre com o jogo a correr.

Finalmente, o RACE 07: The WTCC Game é um jogo para computador, sem versão para consolas. A Gamespot também contém extensos detalhes e algumas fotografias dele, como a que se segue.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Malditos telemóveis!

Como se já não bastasse termos que ouvir todo o tipo de toques irritantes dos telemóveis alheios e aturar magotes de gente a falar aos berros nos ditos aparelhos, agora ainda temos que levar com mais esta: pessoas que julgam que todos os que os rodeiam nos transportes públicos estão interessados em ouvir as suas músicas e desatam a mostrar as capacidades musicais dos seus telemóveis (sem auscultadores, claro). Não há paciência!

segunda-feira, 21 de julho de 2008

A escravidão das estrelas

Com a devida vénia ao jornal Record, publico este cartoon do meu conterrâneo Cristiano Ronaldo, alusivo às disparatadas declarações do presidente da FIFA sobre a suposta escravidão das grandes vedetas do futebol mundial, com as quais o craque madeirense disse concordar inteiramente.

Como é que um garoto de 23 anos que acaba de passar férias de luxo num iate privado, na companhia de uma (ex-)namorada a quem ofereceu um Mercedes personalizado com o monograma nos assentos, pode ter o devaneio de se considerar vítima de escravidão por ter assinado um contrato milionário que é suposto cumprir?

Comparado com ele, presumo que sou muito abaixo de escravo: afinal, também tenho um contrato de trabalho para cumprir, com cláusula penal para o caso de rescisão antecipada, e ganho infinitamente menos...

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Dois mil acessos

Sensivelmente três meses após o seu lançamento, O Protesto acaba de atingir dois mil acessos, vindos dos cinco continentes, com especial prevalência dos visitantes de Macau, Portugal, Brasil e, curiosamente, Estados Unidos da América. Obrigado a todos pelo interesse ou, até, pela mera curiosidade!

Aproveito para referir que se encontra disponível na coluna da direita, junto ao índice, um slideshow de todas as imagens já publicadas no blogue.

A propósito da revisão estatutária da CPM

Nuno Lima Bastos
17 de Julho de 2008

Precisamente quando cogitava sobre o que haveria de escrever esta semana, bloqueado por uma manifesta falta de inspiração, eis que recebo a proposta de alteração estatutária que vai hoje a votos na assembleia-geral anual da Casa de Portugal em Macau (CPM).
Da convocatória recebida há alguns dias, depreendera já que se pretendia consagrar estatutariamente o cariz desportivo que a associação vem assumindo de facto há alguns anos, presumo que também para facilitar o acesso a apoios públicos nesta área.
Percorrendo apressadamente o documento, encontro, contudo, outras interessantes propostas: por exemplo, a de se incluir nos fins da CPM a criação de «núcleos de acção cultural e de formação que se mostrem adequados à permanente valorização das competências e saberes dos membros da comunidade portuguesa», assim como «fomentar a cooperação e o conhecimento mútuo das respectivas culturas com as demais comunidades residentes em Macau, nomeadamente as restantes comunidades de língua portuguesa».
Isto faz-me recordar um desejo de longa data: que as comemorações do 10 de Junho sejam uma montra de Portugal para toda a população do território. Não seria muito mais interessante e gratificante para todos nós que, em vez de uma recepção aberta no antigo Belavista (ou a par dela), houvesse uma celebração alargada no Largo do Senado, onde fossem dados a conhecer a história, a cultura e os produtos portugueses – incluindo dois dos mais apreciados, a gastronomia e o desporto? Não falo apenas de uma espécie de feira, mas de algo bem mais elaborado: painéis com fotografias do nosso país e informação em várias línguas, um ecrã gigante com vídeos das diferentes regiões do país e dos muitos eventos internacionais que ali têm decorrido na última década (e tenho visto alguns muito bem conseguidos da responsabilidade do Turismo de Portugal, I.P.), balcões de empresas portuguesas e dos seus produtos, um palco onde decorressem iniciativas culturais e intervenções oportunas de representantes do Governo português, etc. Ambicioso? Talvez. Impossível? De modo nenhum! É uma questão de se começar. Se um projecto destes tiver receptividade das autoridades, empresas e associações portuguesas, poderá crescer paulatinamente e assumir-se como um grande evento dentro de poucos anos.
Paralelamente, há pequenas ideias que são muito bem acolhidas pela população local e despertam a sua atenção para a nossa comunidade e o nosso país. Um desses casos sucedeu em 2004, quando Portugal organizou o campeonato da Europa de futebol: os jardins do nosso consulado geral em Macau foram preenchidos com réplicas em tamanho real dos jogadores da selecção nacional e, de repente, toda a imprensa chinesa falava nisso e ninguém que ali passasse permanecia indiferente à iniciativa. Pena foi que não tivesse tido continuidade.
Voltando aos estatutos da CPM, reparei que prevêem a criação de grupos de trabalho, fóruns de debate e observatórios, assim como a existência de um conselho consultivo, que nunca foi constituído em sete anos de funcionamento da CPM.
Confesso-me algo avesso a estes conselhos, que costumam servir apenas para atribuir posições honoríficas a pessoas que nada de útil fazem pela agremiação, limitando-se a se pavonear nas fotografias e nos repastos ao lado das individualidades, pelo que talvez fosse melhor simplesmente expurgar este órgão dos estatutos.
Já quanto aos fóruns de debate e afins, lamento que nunca tenham tido grande expressão ou, pelo menos, existência mais regular, porque a comunidade carece de debate e tem gente competente para o fazer, como se viu na passada sexta-feira, na sessão de lançamento do novo livro de Arnaldo Gonçalves, O Poder e o Direito. E, sem desprimor para algumas palestras e tertúlias já promovidas pela CPM sobre temas mais ou menos inócuos, ainda que úteis (e reconheço o esforço de quem as organizou), do que precisamos é de debate sério e temas quentes! Para quando um debate sobre o funcionamento das instituições portuguesas em Macau (o IPOR, a Escola Portuguesa, o consulado, até as associações)? E outro sobre o uso da nossa língua na administração e nas concessionárias de serviços públicos, com as conclusões enviadas por escrito às visadas? E outro sobre o acompanhamento da comunidade portuguesa pelos partidos políticos nacionais, incluindo os seus representantes parlamentares, igualmente com os pontos fortes transmitidos aos visados (já basta de turismo à conta do erário público...)? E outro sobre o desenvolvimento do sistema político de Macau, tão na ordem do dia?
Matéria não parece faltar. É uma questão de não nos auto-amordaçarmos, como ouvi dizer há uma semana. Por onde querem começar?

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Comissariado de ou da Auditoria?

A Lei n.º 11/1999, uma das chamadas "leis da meia-noite", criou o Comissariado de Auditoria.

Por incrível, no mesmo número do Boletim Oficial, foi publicado o Regulamento Administrativo n.º 8/1999, que aprovou a «orgânica e funcionamento do Serviço do Comissariado da Auditoria», erro que se tem repetido em todos os demais diplomas que referem aquele organismo, incluindo o Regulamento Administrativo n.º 12/2007, que substituiu o atrás indicado.

Resta-me acrescentar que já escrevi ao Comissariado de Auditoria em Novembro de 2004, a alertá-los para esta incongruência, mas responderam-me (vá lá!) que não podiam acatar a minha sugestão, por implicar uma alteração legislativa... Mas eu só quero que cumpram a sua própria lei, que prevalece sobre qualquer regulamento administrativo! Mentes quadradas!

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Contra-senso do legislador?

Um amigo magistrado da minha cidade natal, o Funchal, alertou-me para a seguinte nova medida do Governo português: o Decreto-Lei n.º 105/2008, de 25 de Junho, que «institui medidas sociais de reforço da protecção social na maternidade» (artigo 1.º, n.º 1), veio determinar que «o subsídio social de maternidade é garantido às mulheres nas situações de (...) interrupção voluntária da gravidez nos termos do artigo 142.º do Código Penal» (artigo 4.º, n.º 2).

Compreendo a intenção subjacente à medida, mas não haveria outra forma de a prosseguir?

domingo, 13 de julho de 2008

Revista Macau: açoreana ou açoriana?

O último número da Revista Macau (Junho de 2008) traz uma interessante reportagem sobre Paula Ling, conhecida advogada de Macau e deputada à Assembleia Nacional Popular (ou Assembleia Popular Nacional, como está escrito na revista), que cresceu nos Açores. A capa da publicação fala, por isso, em «uma açoreana no Palácio do Povo» (com "e").

No título da peça, na página cinco, já surge «uma "açoriana" no Palácio do Povo» (com "i").

Em que ficamos, então? Segundo o corrector ortográfico do meu computador e os meus dicionários, é mesmo «açoriana» que se escreve (com "i"). O erro deve-se, certamente, ao facto de a palavra-raiz se escrever com "e" (Açores). Aqui fica o reparo (que é bem intencionado e em nada afecta a óptima impressão que tenho da Revista Macau, para que não fiquem dúvidas).

sábado, 12 de julho de 2008

Resultados da sondagem sobre DVD's piratas

Na sequência do meu artigo «Pirataria a rodos», publicado no Jornal Tribuna de Macau de 26 de Junho último, decidi fazer uma sondagem sobre a compra de DVD's piratas pelos leitores deste blogue, sem qualquer pretensão científica, como é óbvio.

A participação foi reduzida, infelizmente: quinze votos em uma semana, menos do que a média diária de acessos ao blogue. Para minha surpresa, 53% dos votantes disseram comprar só ou quase só DVD's originais (oito votos). Provavelmente, alguns destes não seriam residentes de Macau... 26% compram só ou quase só DVD's piratas (quatro votos), 13% compram mais piratas do que originais (dois votos) e 6% o contrário (um voto). Ninguém indicou comprar originais e contrafeitos na mesma proporção.

Estou convencido de que a realidade local é bastante diferente destes resultados e assim irá continuar por muito tempo...

A concluir, deixo aqui um vídeo britânico sobre o assunto (um bocado caricato, mas a mensagem não está tão desfasada da realidade como se possa pensar):

sexta-feira, 11 de julho de 2008

A Ministra da Educação, Macau e o Público

A vinda a Macau da Ministra da Educação de Portugal, Maria de Lurdes Rodrigues, foi, naturalmente, objecto de notícia nos órgãos de comunicação social do nosso país. Assim sucedeu, por exemplo, no Público, cuja secção online «última hora» costumo ler quase diariamente. Nada de especial até aqui, até porque a peça teve origem na Lusa, provavelmente escrita pelo nosso José Costa Santos.

Bastante curiosos são, no entanto, alguns dos (catorze) comentários dos leitores do Público. Vale a pena espreitá-los, nem que seja para ficar surpreendido com o que vai naquelas cabecinhas...

Público: nú ou nu?

A edição online do jornal Público de anteontem apresentava uma notícia com um título que continha um erro ortográfico muito frequente e que também já tenho visto por diversas vezes na imprensa de Macau: «nu» com acento.

Para quem está atento e dá importância a estas coisas (e imagine-se quantas pessoas poderiam ser induzidas em erro ao lerem uma fonte credível como este diário), as noticias da versão electrónica do Público permitem diversas interactividades aos leitores; entre elas, apontar-lhes erros, sejam de redacção ou de conteúdo. Para tanto, basta clicar no ponto de exclamação assinalado na imagem de baixo e indicar o erro na janela que se abre para o efeito. Foi precisamente isso que fiz neste caso et voilà: uma hora depois, o erro estava corrigido!

Faça, pois, o mesmo: use o ponto de exclamação à vontade! O Público e os demais leitores agradecem, certamente!

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Maltratada língua

Nuno Lima Bastos
Jornal Tribuna de Macau
10 de Julho de 2008

Há precisamente uma semana, a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) divulgou que o seu plano de promoção da leitura através da Internet, designado «um texto para cada dia», iria avançar no próximo ano lectivo apenas com textos em chinês e inglês. O surpreendente anúncio suscitou, de imediato, pertinentes questões dos jornalistas portugueses que cobriam a conferência de imprensa da DSEJ, recordando aos seus responsáveis não só o facto de o português ser uma das duas línguas oficiais da RAEM, mas também as reiteradas orientações dos Governos local e central no sentido de o território funcionar como plataforma de ligação entre a China e os países de língua oficial portuguesa.
O singular argumento da outra parte foi a dificuldade em encontrar uma empresa que fornecesse textos no nosso idioma. Por mim, ficam já informados de que, à falta de melhor, podem utilizar estas minhas modestas crónicas de maldizer no seu plano de promoção da leitura. Só não são é diárias...
Mais a sério, não sei se foi desatenção minha, mas ainda não vi nenhum jornalista abordar Maria de Lurdes Rodrigues sobre este assunto. Teria sido gratificante ouvi-la responder que o seu Ministério se disponibilizava para fornecer, sem encargos, os textos ao organismo congénere da RAEM. Certamente que os tem em quantidade e qualidade suficientes para um projecto desta natureza.
Entretanto, os três conselheiros das comunidades portuguesas eleitos por Macau escreveram, e bem, ao director da DSEJ, lamentando a omissão e recusando a justificação apontada. Falharam, contudo, em dois aspectos: desde logo, ao invocarem que a medida deixava de fora «toda a comunidade portuguesa e macaense». Ao que lhes pergunto: são e actuaram enquanto membros de um órgão de consulta do Governo Português, chamado Conselho das Comunidades Portuguesas, ou agiram também em nome do Conselho das Comunidades Macaenses? Sem querer dar lições a ninguém, entendo e insisto que, quando abordamos matérias políticas e sensíveis como estas perante as autoridades locais e nacionais, devemos sempre falar da língua portuguesa e da comunidade portuguesa como um todo; da mesma maneira, aliás, que não há diferentes tipos de passaportes portugueses ou vários cônsules de Portugal no território. Independentemente de sermos macaenses, madeirenses, açorianos, algarvios ou minhotos, para não falar nos portugueses de Goa, Timor, Angola ou tantas outras origens, todos aqui bem representados e cada qual com as suas especificidades que enriquecem o todo, certo é que somos todos cidadãos portugueses de Macau e é assim que nos devemos apresentar sempre perante o poder e junto dele reivindicar o respeito pela nossa língua, cultura e história. E mais não digo sobre isto, que não me quero chatear...
Segunda falha dos nossos conselheiros: se queremos que as autoridades do território não descurem a língua portuguesa e envidem os esforços necessários para o cumprimento da exigente tarefa de manter a sua paridade com a língua oficial dominante, convém darmos o exemplo. Pois bem, não havendo um sítio oficial na Internet dos conselheiros de Macau e tendo estes sido eleitos numa lista organizada, apresentada e suportada pela Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) – cuja direcção dois deles integram –, seria de esperar que o sítio desta associação na Internet fosse bilingue. Já escrevi sobre isto num post scriptum à minha crónica de 22 de Maio passado e em duas postas subsequentes no meu blogue (oprotesto-macau.blogspot.com), em 26 desse mês e 3 de Junho. No primeiro desses textos, referi que a ATFPM havia renovado completamente o seu sítio e a nova face nada tinha em português, nem sequer uma linha a esclarecer a lacuna (enfim, tinha um texto perdido sobre um assunto que agora não vem ao caso). No início de Junho, começaram a aparecer uns menus no nosso idioma, mas muito mal escritos, com expressões como «portuguese», «querm somos», «noticiais de última», «associação actividades», «excursões actividades», «incidente e da imagem», «pequenas secção», «atividades imagem», «esportes», «auxiliares amor», «manutenção de Gongyi» ou «comunidade preocupação». Em suma, alguma ortografia de português do Brasil, termos ingleses, erros ortográficos e coisas sem sentido, como então apontei no meu blogue. Hoje, passados quase dois meses, há já alguns conteúdos em português, mas ainda muito distantes da versão chinesa daquele sítio, além de as gralhas continuarem lá todas.
Assim, como podem, seriamente, os nossos conselheiros apontar o dedo às autoridades em matéria de língua portuguesa e oferecer o seu contributo para ajudar a resolver o problema? Pois se nem dentro de casa o parecem conseguir resolver!

quarta-feira, 9 de julho de 2008

A Casa Branca insultou Berlusconi

Jorge Heitor
8 de Julho de 2008

A Administração Bush pediu desculpa à Itália e ao primeiro-ministro Sílvio Berlusconi pelo “erro muito infeliz” de ter feito distribuir durante a cimeira do G8 uma biografia deste último em que o apresentava como “um dos mais controversos líderes na história de um país conhecido pela corrupção governamental”.
Inicialmente um empresário com grandes "holdings" e influência nos media internacionais, Berlusconi “é visto por muitos como um diletante político que apenas obteve o seu alto cargo por meio da considerável influência exercida sobre os media nacionais, até sido obrigado a demitir-se em 2006”, dizia a nota biográfica entregue aos jornalistas acreditados na Casa Branca e que ficaram boquiabertos com o que leram.
Perante o escândalo, veio a ser esclarecido que “os sentimentos expressos não representam as opiniões do Presidente Bush, do Governo ou do povo americano”. Apenas se tratava de uma referência preguiçosamente copiada de um site na Internet.

Nota: isto nada tem a ver com Macau (tirando o "pormenor" Au Man Long e...), mas tem imensa piada!

terça-feira, 8 de julho de 2008

Scene it?

Se é grande apreciador de cinema, gosta de concursos inteligentes e, além disso, tem ou pretende vir a ter uma consola Xbox 360, este jogo é para si: chama-se Scene it? Lights, Camera, Action e é um party game para um máximo de quatro jogadores em simultâneo, com mais de 1800 questões apoiadas em vídeos com excertos de filmes (em alta definição), bandas sonoras, guiões, fotografias de actores e muito mais. Além disso, está concebido de maneira a reduzir ao mínimo a repetição de perguntas.

No fundo, é uma espécie de Trivial Pursuit de cinema, mas com uma componente multimédia que lhe dá muito mais piada. Acresce que o jogo faz tudo por nós: coloca as questões, controla o tempo e atribui as pontuações e bonificações.

As respostas são seleccionadas através de bem conseguidos comandos remotos (na fotografia), que não permitem qualquer espécie de batotice. O jogo inclui quatro comandos, tudo por um preço oficial de 499 HKD. A Toys'r'Us da Torre de Macau vendia-o a 499 patacas, mas não o tenho visto lá ultimamente. Ainda pode ser encontrado na Koio, em frente à Livraria Portuguesa, mas, como de costume, os rapazes carregam no preço e pedem 599 patacas por ele (a Koio é quase sempre assim, lamento dizê-lo...). Da minha parte, tive a felicidade de o adquirir em Hong Kong por meros 330 HKD, no incontornável Golden Computer Arcade, em Sham Shui Po.

Mais informações podem ser encontradas no sítio oficial da Xbox na Internet. O criador do jogo original, a americana Screenlife, nada diz sobre esta versão electrónica no seu website. A Screenlife produz diversas versões do Scene it? para tabuleiro há largos anos e é de prever que venha a fornecer brevemente mais conteúdos para a versão electrónica, que poderão ser descarregados através do serviço Xbox Live, prolongando, assim, a vida útil do jogo. Do mesmo modo, há rumores de estarem em preparação novos títulos para a consola que irão fazer uso dos comandos que acompanham este Scene it?.

Actualização em 14 de Julho: o jogo encontra-se agora à venda na Play-Asia.com pela módica quantia de 30 USD (240 patacas), com envio gratuito por correio para Macau. É de aproveitar!

segunda-feira, 7 de julho de 2008

A Hutchison e as línguas oficiais

Apesar de operar ao abrigo de uma licença atribuída pelo Governo de Macau e de prestar um serviço dirigido à população em geral, a Hutchison insiste em produzir os seus boletins informativos apenas em língua chinesa (pelo menos, eu, que sou seu cliente, nunca os recebi em outra língua). Não faço ideia de quantos clientes portugueses terão, mas será razoável que nem o inglês utilizem? É o mínimo dos mínimos numa terra supostamente internacional como esta!

domingo, 6 de julho de 2008

Obra em quê?

Parece que desapareceram algumas letras deste aviso do IACM (que nem é novo. A foto foi-me enviada por um amigo em finais de 2005 e reencontrei-a agora, por acaso)...

sexta-feira, 4 de julho de 2008

China inspired interrogations at Guantánamo

Scott Shane
The New York Times
July 2, 2008

WASHINGTON — The military trainers who came to Guantánamo Bay in December 2002 based an entire interrogation class on a chart showing the effects of “coercive management techniques” for possible use on prisoners, including “sleep deprivation,” “prolonged constraint,” and “exposure.”
What the trainers did not say, and may not have known, was that their chart had been copied verbatim from a 1957 Air Force study of Chinese Communist techniques used during the Korean War to obtain confessions, many of them false, from American prisoners.
The recycled chart is the latest and most vivid evidence of the way Communist interrogation methods that the United States long described as torture became the basis for interrogations both by the military at the base at Guantánamo Bay, Cuba, and by the Central Intelligence Agency.
Some methods were used against a small number of prisoners at Guantánamo before 2005, when Congress banned the use of coercion by the military. The C.I.A. is still authorized by President Bush to use a number of secret “alternative” interrogation methods.
Several Guantánamo documents, including the chart outlining coercive methods, were made public at a Senate Armed Services Committee hearing June 17 that examined how such tactics came to be employed.
But committee investigators were not aware of the chart’s source in the half-century-old journal article, a connection pointed out to The New York Times by an independent expert on interrogation who spoke on condition of anonymity.
The 1957 article from which the chart was copied was entitled “Communist Attempts to Elicit False Confessions From Air Force Prisoners of War” and written by Albert D. Biderman, a sociologist then working for the Air Force, who died in 2003. Mr. Biderman had interviewed American prisoners returning from North Korea, some of whom had been filmed by their Chinese interrogators confessing to germ warfare and other atrocities.
Those orchestrated confessions led to allegations that the American prisoners had been “brainwashed,” and provoked the military to revamp its training to give some military personnel a taste of the enemies’ harsh methods to inoculate them against quick capitulation if captured.
In 2002, the training program, known as SERE, for Survival, Evasion, Resistance, Escape, became a source of interrogation methods both for the C.I.A. and the military. In what critics describe as a remarkable case of historical amnesia, officials who drew on the SERE program appear to have been unaware that it had been created as a result of concern about false confessions by American prisoners.
Senator Carl Levin, Democrat of Michigan and chairman of the Senate Armed Services Committee, said after reviewing the 1957 article that “every American would be shocked” by the origin of the training document.
“What makes this document doubly stunning is that these were techniques to get false confessions,” Mr. Levin said. “People say we need intelligence, and we do. But we don’t need false intelligence.”
A Defense Department spokesman, Lt. Col Patrick Ryder, said he could not comment on the Guantánamo training chart. “I can’t speculate on previous decisions that may have been made prior to current D.O.D. policy on interrogations,” Colonel Ryder said. “I can tell you that current D.O.D. policy is clear — we treat all detainees humanely.”
Mr. Biderman’s 1957 article described “one form of torture” used by the Chinese as forcing American prisoners to stand “for exceedingly long periods,” sometimes in conditions of “extreme cold.” Such passive methods, he wrote, were more common than outright physical violence. Prolonged standing and exposure to cold have both been used by American military and C.I.A. interrogators against terrorist suspects.
The chart also listed other techniques used by the Chinese, including “Semi-Starvation,” “Exploitation of Wounds,” and “Filthy, Infested Surroundings,” and with their effects: “Makes Victim Dependent on Interrogator,” “Weakens Mental and Physical Ability to Resist,” and “Reduces Prisoner to ‘Animal Level’ Concerns.”
The only change made in the chart presented at Guantánamo was to drop its original title: “Communist Coercive Methods for Eliciting Individual Compliance.”
The documents released last month include an e-mail message from two SERE trainers reporting on a trip to Guantánamo from Dec. 29, 2002, to Jan. 4, 2003. Their purpose, the message said, was to present to interrogators “the theory and application of the physical pressures utilized during our training.”
The sessions included “an in-depth class on Biderman’s Principles,” the message said, referring to the chart from Mr. Biderman’s 1957 article. Versions of the same chart, often identified as “Biderman’s Chart of Coercion,” have circulated on anti-cult sites on the Web, where the methods are used to describe how cults control their members.
Dr. Robert Jay Lifton, a psychiatrist who also studied the returning prisoners of war and wrote an accompanying article in the same 1957 issue of The Bulletin of the New York Academy of Medicine, said in an interview that he was disturbed to learn that the Chinese methods had been recycled and taught at Guantánamo.
“It saddens me,” said Dr. Lifton, who wrote a 1961 book on what the Chinese called “thought reform” and became known in popular American parlance as brainwashing. He called the use of the Chinese techniques by American interrogators at Guantánamo a “180-degree turn.”
The harshest known interrogation at Guantánamo was that of Mohammed al-Qahtani, a member of Al Qaeda suspected of being the intended 20th hijacker in the Sept. 11 attacks. Mr. Qahtani’s interrogation involved sleep deprivation, stress positions, exposure to cold and other methods also used by the Chinese.
Terror charges against Mr. Qahtani were dropped unexpectedly in May. Officials said the charges could be reinstated later and declined to say whether the decision was influenced by concern about Mr. Qahtani’s treatment.
Mr. Bush has defended the use the interrogation methods, saying they helped provide critical intelligence and prevented new terrorist attacks. But the issue continues to complicate the long-delayed prosecutions now proceeding at Guantánamo.
Abd al-Rahim al-Nashiri, a Qaeda member accused of playing a major role in the bombing of the American destroyer Cole in Yemen in 2000, was charged with murder and other crimes on Monday. In previous hearings, Mr. Nashiri, who was subjected to waterboarding, has said he confessed to participating in the bombing falsely only because he was tortured.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Estranhos despedimentos

Nuno Lima Bastos
Jornal Tribuna de Macau
3 de Julho de 2008

O despedimento, no início da semana, de 270 trabalhadores da Galaxy Resorts (550, segundo Ng Sek Io, presidente da Liberty Joint Association of Gaming and Construction Workers) dá que pensar, particularmente por acontecer num momento em que a indústria do jogo de Macau continua a bater recordes. Afinal, ontem mesmo, a comunicação social avançava que as receitas dos 29 casinos actualmente em operação no território tinham ultrapassado em 18% as dos seus cerca de 260 concorrentes do estado norte-americano do Nevada no primeiro quadrimestre de 2008. Os casinos locais arrecadaram 58 500 milhões de patacas entre Janeiro e Junho deste ano, um aumento de 54,1% em relação às receitas do período homólogo de 2007. Ora, se até num cenário destes há despedimentos colectivos, o que será quando o crescimento das receitas abrandar ou estas estabilizarem?
A Galaxy contra-argumenta com maus resultados em diversos dos seus espaços – em especial, nos casinos Grand Waldo e President (era Presidente antes do handover, mas deve ter-lhes soado mais cosmopolita deixar cair o “e”...) –, que terão sofrido uma quebra de receitas na ordem dos 55% no primeiro trimestre do ano, aparentemente não compensada pelo aumento de 28% nas receitas do Starworld. Em todo o caso, estamos ainda a falar de lucros do grupo, embora, pelos vistos, não suficientemente elevados para demover os seus responsáveis de procederem a algumas “reestruturações”. Mas será mesmo assim?
Algum tempo depois de o Sands começar a funcionar, foram também dispensadas algumas dezenas de trabalhadores, alegadamente por “inaptidão funcional”. Na altura, fontes que reputo de bem informadas insinuaram que aquele operador contratara deliberadamente colaboradores em demasia, com a intenção de os seleccionar mais tarde em função do seu desempenho concreto e depois despedir os menos capazes, estratégia que os restantes novos operadores iriam, com grande probabilidade, adoptar. Até hoje, ninguém fez prova disso, mas a decisão da Galaxy avivou-me a memória... A ser verdade, é obviamente grave; quanto mais não fosse, porque muitos destes trabalhadores abandonaram outros empregos e carreiras para se juntarem aos novos patrões.
Depois, há a velha questão da hipotética preferência pela mão-de-obra importada. Não sendo fundamentalista na matéria, considero ponto assente que o crescimento económico deve beneficiar, em primeiro lugar, os residentes de Macau, não só porque se trata da terra onde nasceram ou criaram raízes, nela fazendo a sua vida permanente, mas também porque são eles que, por isso mesmo, sofrem irreversivelmente as maleitas desse crescimento desenfreado e desregrado à sua volta. Diferentemente, o não residente, por definição, vem a Macau apenas para trabalhar em projectos concretos e depois regressa a casa ou parte para outros destinos. Não deve ser indevidamente discriminado por isso – de modo algum! –, mas também não pode servir como arma de arremesso para baixar o custo razoável da mão-de-obra local.
Ora, ainda me lembro do que começou a suceder em algumas fábricas de vestuário da zona norte nos últimos anos da administração portuguesa, quando a crise asiática nos bateu à porta: despediam trabalhadores residentes que auferiam 5000 patacas mensais, para os substituírem por mainlanders que se contentavam com um terço desse vencimento, além de serem mais submissos (até por força da sua não rara condição de ilegais).
Nos dias que correm, a opinião pública de Macau está mais politizada e as diversas associações mais activas e atentas, pelo que é arriscado tentar trocar trabalhadores locais por não residentes de forma tão ostensiva. Então, o que pode fazer uma grande empresa? Suponhamos que tem 1500 postos de trabalho para preencher: comunica às autoridades competentes que precisa de, por exemplo, 1800 trabalhadores e só consegue recrutar metade no território, pelo que vai ter que “importar” os outros novecentos. São-lhe atribuídas as necessárias quotas e contrata, então, metade cá e metade fora. Mais tarde, invoca que, afinal, tem gente em excesso ou com fraco desempenho e despede, claro, trezentos empregados locais (ou, vá lá, 270 locais e trinta forasteiros, para compor um pouco as coisas junto dos críticos). Fica, assim, com os 1500 colaboradores de que, na realidade, carecia, mas só seiscentos deles são de Macau, ainda que houvesse novecentas pessoas disponíveis no mercado local para aqueles lugares. E poupa imenso dinheiro em salários, claro está.
Parece-lhe complicado? Olhe que não, olhe que não...

Inglês técnico...

Não é novidade para ninguém que viva em Macau a má qualidade do inglês que aqui se fala. Os taxistas não acertam uma e mesmo grande parte dos licenciados é incapaz de escrever correctamente um simples texto no "esperanto" da modernidade. Mas quando ouço José Sócrates (o tal que obteve 15 valores em inglês técnico, não foi?) a falar assim perante os mais altos dignatários europeus, só posso concluir que a situação também é grave no meu país...

terça-feira, 1 de julho de 2008

Videojogos

Porque a vida não é só trabalho - aliás, devemos trabalhar (bem) para viver (bem) e não viver para trabalhar, que é uma coisa desprovida de qualquer sentido -, tenciono começar a dedicar algumas postas esporádicas a um dos meus hobbies: os videojogos (originais, que não compro pirataria e faço ponto de honra nisso, embora não deixe de censurar os preços verdadeiramente abusivos destes artigos em países como Portugal). Idealmente, devia reservar um blogue separado para o efeito, mas convenhamos que dá bem mais trabalho criar e manter dois blogues distintos. Além disso, manter tudo junto ajuda a suavizar o tom marcadamente crítico d'O Protesto...

Telefones com oito dígitos

A partir de hoje, todos os números de telefone da Região Administrativa Especial de Macau passam a funcionar obrigatoriamente com oito dígitos.

O plano de aumento dos dígitos teve início em Outubro de 2006, primeiro com os números de telemóvel (foi-lhes acrescentado o dígito inicial "6") e com os números fixos residenciais, comerciais e de fax de seis dígitos (foram-lhes acrescentados os dígitos iniciais "28").

Em Março de 2007, os novos números de telefone do chamado serviço de DDI (basicamente, os números das redes internas de empresas e serviços públicos, vulgo PBX) também passaram a ter oito dígitos. Faltavam os antigos números de PBX, que receberam o dígito inicial "8" em Janeiro deste ano. Depois de uma fase de transição de seis meses, durante a qual era possível ligar para o antigo e o novo número de PBX, os vetustos números de sete dígitos caíram definitivamente. Agora, ou marca os oito dígitos ou vai ter que repetir a chamada (mas ainda tem direito a ouvir um esclarecimento gravado até ao final do corrente ano).

Ainda me recordo de marcar números de cinco algarismos quando cheguei a Macau. Uma chamada para Portugal custava 5,99 patacas por minuto na tarifa nocturna e não havia Internet para comunicarmos através de programas baseados na tecnologia VoIP (Voice over Internet Protocol), como o Skype.