sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Valores

You did not bear the shame.
You fought back.
You gave the great,
Forever tireless
Sign of change,
Sacrificing your glowing life
For freedom,
Justice, and honor.

(Edwin Redslob, 1953,

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Ainda sobre a habitação pública em Macau

Nuno Lima Bastos
26 de Fevereiro de 2009

Na entrevista que dei ao Jornal Tribuna de Macau na segunda-feira passada, critiquei abertamente a falta de empenho do nosso Governo em matéria de habitação pública, entre outras. Analisando a minha posição, o director deste matutino recordou, no seu editorial do dia seguinte, o eterno confronto entre o intervencionismo público e a iniciativa privada na economia.
Devo dizer, para dissipar quaisquer dúvidas a este respeito, que sou ideologicamente adepto de uma economia de mercado aberta, mas sujeita a regras que assegurem uma sã concorrência e contribuam para a edificação de uma sociedade justa e solidária, onde o Estado, dentro das suas possibilidades, deve apoiar ao máximo as necessidades básicas da população e, em particular, dos mais desfavorecidos – entre elas, claro, o acesso à habitação, à saúde, à educação e à justiça. Não creio que isto colida minimamente com o “segundo sistema” que foi definido para funcionar em Macau até 2049 ou com o princípio da prevalência da iniciativa privada a ele inerente.
Cingindo-me, por hoje, apenas ao aspecto da habitação pública, basta-me olhar para os nossos vizinhos de Hong Kong – exemplo política e economicamente muito mais avançado do “segundo sistema” do que Macau – e actualizar a comparação que fiz neste mesmo espaço há precisamente um ano, quando escrevi uma crónica intitulada «O (mau) estado da habitação pública em Macau» (JTM de 28 de Fevereiro de 2008).
Assim, passando os olhos pelos últimos dados estatísticos disponíveis no website da Hong Kong Housing Authority, verificamos que, até ao final de Março passado, havia 1 110 000 apartamentos públicos ao dispor da população daquele território – isso mesmo, mais de um milhão de fogos, entre habitação social (para arrendar, correspondendo a quase dois terços do total) e habitação económica (para vender a preços controlados)! Dez anos antes, eram 947 000, um número já de si impressionante, mas que significa que, na última década, o Governo continuou a entregar aos seus concidadãos uma média líquida de 16 300 fracções por ano!
Deste notável esforço continuado das autoridades de Hong Kong (na esteira do governo colonial britânico, diga-se em boa verdade) resultou que, no primeiro trimestre de 2008, quase metade (47,8%) dos seus cerca de sete milhões de habitantes viviam em habitação pública!
Não querendo esmiuçar mais estes números, resta-me acrescentar que a Housing Authority deixou de construir unidades residenciais para venda em 2003, passando a concentrar-se exclusivamente no mercado de arrendamento. A mensagem parece-me clara: quem quiser e puder comprar a sua casa vá ao mercado privado; quem não tiver condições para tanto ou, sequer, para suportar uma renda livre pode vir bater à nossa porta, que vamos tentar garantir um tecto condigno para todos, evitando, ao mesmo tempo, que o mercado privado fique (ainda mais) desenfreado.
Olhando, agora, cá para dentro, consultemos os dados do nosso Instituto de Habitação sobre a oferta de habitação pública desde a transferência de soberania. Começando pelos edifícios para arrendamento já concluídos, temos apenas um em nove anos: a «Habitação Social da Ilha Verde», com 210 fracções, cuja licença de utilização foi emitida em Junho de 2007. Isto dá uma média de 23 apartamentos por ano desde que este Governo tomou posse...
Depois, o projecto mais próximo de estar finalizado é o complexo de «Habitação Social do Fai Chi Kei, 2.ª Fase», com 884 fracções. Temos, ainda, o «Lote 4 do Bairro da Ilha Verde», com 500 fracções, «em projecto»; a «Habitação Social de Mong Há, 1.ª Fase», com 588 fracções, onde «estão em curso as obras básicas»; o «Complexo de Habitação Social na Ilha Verde – Bloco A», com 357 fracções, que ainda não passou do «design do projecto de execução»; o «Complexo de Habitação Social na Ilha Verde – Bloco B», com 672 fracções, onde «a obra de estrutura do edifício está em curso»; e, finalmente, o «Complexo de Habitação Social na Ilha Verde – Bloco C», com 252 fracções, na mesma situação. Se tudo correr como anunciado, estes prédios irão representar mais 3253 apartamentos, a juntar aos 210 já operacionais. No total, 3463 fogos construídos para arrendar em mais de dez anos (já que não ficarão todos concluídos até ao final do corrente ano), para uma população à volta das 550 000 almas.
Quanto à habitação económica, os números do Instituto de Habitação revelam 2816 fracções licenciadas para venda no mesmo período de tempo, a que acrescem 880 em construção nos «Lotes HR e HS – Rua da Tranquilidade do Hipódromo» e 2703 de um projecto que ainda não passou da adjudicação, o «Lote TN27 – Estrada Coronel Nicolau de Mesquita, Taipa». Tudo somado, 6399 apartamentos para venda económica até 2011 – qualquer coisa como 533 por ano.
Em síntese, mesmo com todos os investimentos anunciados nos últimos tempos, os resultados dos dois mandatos de Edmund Ho em habitação pública não vão chegar às dez mil fracções, entre o que está feito e o que já passou das meras intenções (isto é, que já entrou, pelo menos, em fase de projecto). Vale a pena fazer comparações com Hong Kong? Ou estarão os nossos vizinhos a perverter o “segundo sistema”?

Nota: agradeço ao Bairro do Oriente a menção desta crónica na sua habitual rubrica «Leituras».

Bom português?

A língua portuguesa está mesmo em crise! Esta imagem é da edição de ontem do programa «Bom Português», que passa a seguir ao telejornal das 20h30 da TDM. Então não é que tem um erro ortográfico? O tempo verbal «for», do verbo «ir», não tem qualquer acento! Aliás, este erro consta, até, do glossário de erros mais frequentes do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

O artigo 23 na TDM - última actualização

Videonotícias da TDM e programas da Rádio Macau sobre a regulamentação do artigo 23.º da Lei Básica:

Com a menção da peça do telejornal de hoje sobre a aprovação na especialidade da «Lei relativa à Defesa da Segurança do Estado», dou por concluída esta rubrica, não sem antes aqui deixar a nota de que foi um dia cinzento para o "segundo sistema".

E, como se não bastasse a infeliz aprovação da proposta governamental com alterações mínimas face ao texto que deu entrada na Assembleia Legislativa em 19 de Dezembro passado, ainda tivemos que assistir àquela patética manifestação de idosos em frente ao edifício do poder legislativo local: autênticas marionetas, provavelmente desprovidas de qualquer noção do que estava em causa, para ali levadas não se sabe por quem e a troco de quê. Talvez um vale de trezentas patacas para celebrarem o décimo aniversário da implantação da RAEM...

(*) Infelizmente, a TDM parece ter já retirado estas peças do seu arquivo, aproveitando o espaço para inserir outras mais recentes. Receio, pois, que o mesmo venha a suceder às demais dentro de pouco tempo.

Salvemos a Livraria Portuguesa!

O texto da petição dispensa mais esclarecimentos. Pode ser assinada aqui. Neste momento, já vai em mais de 1200 assinaturas.

Actualização: a iniciativa já ultrapassou as duas mil assinaturas. Veja aqui a peça da TDM sobre o assunto.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Entrevista ao Jornal Tribuna de Macau

Os constrangimentos de espaço pré-definidos para a habitual entrevista semanal do JTM obrigaram as minhas simpáticas interlocutoras Diana do Mar e Patrícia Neves (na última foto abaixo) a condensar a hora e meia de "seca" que lhes dei em três páginas da edição de hoje do matutino. O resultado final pode ser lido aqui, aqui e aqui (o sítio do JTM na Internet está protegido contra cópias, pelo que não me é possível fazer um "copy-paste" do texto para o blogue. Tenho que me contentar com estas capturas de ecrã).

Mais mestrados amadores!

Afinal, o mestrado em direito do «Centro Amador de Estudos Permanentes de Macau» autorizado há poucos dias pela tutela não era terreno virgem: há cinco ano, o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura já havia «reconhecido o interesse para a Região Administrativa de Macau» e, como tal, autorizado o funcionamento de um curso de mestrado em direito económico no mesmo local. Se não fosse verdade, até dava uma boa piada...

Lapso toponímico...

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Ano Novo Chinês... de 2008


Foto-reportagem de Rui Pestana publicada no website do jornal Público em 15 de Fevereiro de 2008 (também disponível em Vimeo).

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Deplorável!

Hong Kong newspaper protests as Macau refuses journalist entry
The Earth Times
Thursday, February 19

Hong Kong's leading English-language newspaper was protesting Thursday to officials in neighbouring Macau after one of its photographers was refused entry to the territory. Felix Wong of the South China Morning Post was detained and then sent back on a ferry to Hong Kong when he attempted to travel to Macau to cover a corruption case involving a former transport secretary.

Wong had been given a Macau government permit to cover the trial but claims he was sent back to Hong Kong after being made to sign papers saying he had been denied entry under internal security laws.

It is believed to be the first time that Macau, a casino resort under Chinese sovereignty situated 45 minutes west of Hong Kong by ferry, has refused a Hong Kong journalist entry.

Thursday's South China Morning Post reported that its editor CK Lau had written to Macau officials, calling the incident "a serious infringement of the freedom of the press."

Lau has demanded an apology from the Macau government as well as an assurance that Wong would be allowed to enter the territory of 500,000 people in the future, the newspaper said.

His letter is supported by the Hong Kong Journalists Association, which described the incident as "intolerable" and an infringement on the freedom of Hong Kong's press.

Last summer, Wong was taken away by Beijing police while covering a chaotic queue for Olympic Games tickets and accused of kicking a police officer as he was being dragged away, the South China Morning Post reported.

Wong was released after expressing regret for inadvertently hurting the officer, the newspaper said, and had returned to mainland China since without encountering any problems.

Macau reverted to Chinese sovereignty after 450 years of Portuguese rule in 1999, two years after Hong Kong. It has a reputation for being politically more similar to mainland China than its eastern neighbour and less enthusiastic about press and personal freedoms.

Nota: pelos vistos, a deplorável actuação das nossas autoridades fronteiriças, que nos envergonha a todos enquanto residentes de Macau, vai continuar enquanto o Legislative Council de Hong Kong não assumir uma reacção firme contra ela. Por mim, subscrevo a sugestão de Au Kam San: os deputados da nossa Assembleia Legislativa deviam, pura e simplesmente, ser proibidos de entrar na região vizinha...

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Criminalidade informática

Nuno Lima Bastos
Jornal Tribuna de Macau
19 de Fevereiro de 2009

Deu recentemente entrada na Assembleia Legislativa e é hoje apresentada no seu plenário a proposta de lei governamental de «Combate à Criminalidade Informática». O ordenamento jurídico da RAEM era deficitário nesta matéria, pelo que se afigura como perfeitamente natural a iniciativa agora avançada, tanto mais que o desenvolvimento exponencial das tecnologias da informação tem acarretado um preocupante crescendo do seu uso para fins criminosos. Portugal, por exemplo, já possui um diploma desta natureza desde 1991 – e que parece, aliás, ter inspirado boa parte do novo articulado.
No entanto, quando percorro a génese desta medida legislativa e analiso o seu conteúdo, confesso que já me sinto ligeiramente desconfortável. Não que discorde da necessidade de se dotar as nossas forças da autoridade e os nossos tribunais de meios legais para executarem eficazmente a sua insubstituível função de combate ao crime. Não, também, que esteja muito preocupado com os direitos dos criminosos – os verdadeiros criminosos –, embora, obviamente, todo o processo penal tenha que obedecer a regras claras e equilibradas, sob pena de se abrir a porta a todo o tipo de abusos, para um lado ou para o outro. O que me desassossega é a potencial utilização destes instrumentos para outras finalidades, como a repressão política ou a injustificada devassa da vida privada dos cidadãos.
Ora, não há conhecimento de qualquer incidência relevante da criminalidade informática em Macau. Ainda na última sexta-feira, quando o Secretário para a Segurança divulgou os números da criminalidade referentes ao ano transacto, não fez qualquer especial referência a ela. Significa isso que esta nova legislação é desnecessária? Não, não essa a questão.
Adiante. Na verdade, já circulava um projecto nos gabinetes da Administração desde meados de 2004, tanto quanto julgo saber, da responsabilidade da penalista Dra. Leonor Assunção. Sucede que o diploma ficou esquecido durante uns bons anos, até se dar o famoso incidente da tocha, em finais de Abril passado. Na altura, como se sabe, a Polícia de Segurança Pública deteve um cidadão por ter escrito um texto num fórum de discussão da Internet divagando sobre como furtar a tocha olímpica durante a sua passagem por Macau. O indivíduo confessou que tudo não passava de uma brincadeira inócua, mas chegou a ser constituído arguido, por suspeita de instigação pública à prática de um crime. Além disso, responsáveis policiais assumiram que as autoridades andavam «a monitorizar directamente a Internet» e «o suspeito fora identificado com base no endereço IP do seu computador pessoal» (Jornal Tribuna de Macau de 27 de Abril de 2008 e Ponto Final do dia seguinte).
Foi nessa altura que, subitamente, a necessidade de se legislar sobre criminalidade informática entrou de novo e em força na ordem do dia. A Secretária para a Administração e Justiça começou a falar nisso em diversas circunstâncias, assim como alguns deputados tradicionalmente alinhados com o poder exigiram que o Executivo avançasse com a máxima urgência.
Depois, houve o boato da banca na Internet e a subsequente corrida aos levantamentos nas agências do Banco Luso Internacional e do Banco Wing Hang, que reforçaram a voz dos críticos do vazio legislativo.
Já em Novembro, durante o debate das Linhas de Acção Governativa, foi a vez de o director da Polícia Judiciária se queixar da falta de meios técnicos e legais para combater eficazmente este fenómeno, indo ao ponto de elogiar a “Great Firewall of China” – muito mais conhecida como instrumento de censura política do que de combate ao crime informático...
Até que chegámos à actual proposta legislativa, um texto com virtudes, mas também com duas grandes novidades em relação ao documento original de 2004 (e sem paralelo na lei portuguesa) que dão que pensar: a agravação das penas em certos casos (artigo 12.º) e as «medidas necessárias e urgentes» (artigo 16.º).
Começando pela primeira, consiste no aumento, em um terço, dos limites mínimo e máximo da pena aplicável quando os crimes envolvam «dados ou sistemas informáticos dos órgãos executivo, legislativo ou judicial ou de outras entidades públicas» da RAEM, assim como nos casos em que «o agente praticar qualquer crime utilizando a Internet como meio amplo de transmissão». Lendo a nota justificativa da proposta, fala-se, entre outros, em «crimes de instigação pública a um crime». Porque será que isto me recorda a história da tocha?
Quanto à segunda inovação de peso, temos que os órgãos de polícia criminal podem, sem ordem prévia da autoridade judiciária competente (juiz, juiz de instrução ou Ministério Público), exigir toda uma série de informações tipicamente sigilosas aos fornecedores de acesso à Internet (como a CTM) e aos próprios cidadãos, sob pena de desobediência qualificada. A nota justificativa afirma que não se incluem aqui quaisquer dados relativos ao conteúdo das comunicações, mas apenas dados de tráfego. Contudo, a leitura da norma não me deixa nada descansado... É certo que se exige que a realização da diligência seja, «sob pena de nulidade, imediatamente comunicada à autoridade judiciária competente e por esta apreciada em ordem à sua validação», mas isso não parece constituir impedimento a que a polícia proceda a uma vigilância informática alargada no tempo e no espaço, exigindo as informações que entender, sem depois solicitar a validação das diligências. Basta que não queira avançar com o procedimento criminal... Entretanto, a devassa das comunicações já estará consumada, sem que a autoridade judiciária tenha jamais dela conhecimento...
Aguardemos pela reacção dos nossos representantes no hemiciclo dos Lagos Nam Van. Para já, não estou nada seguro de que estejamos a caminhar no bom sentido...

Nota: agradeço ao Bairro do Oriente a menção desta crónica na sua habitual rubrica «Leituras».

Mestrados amadores

Acaba de ser «reconhecido o interesse para a Região Administrativa de Macau» de um curso de mestrado em direito ministrado no «Centro Amador de Estudos Permanentes de Macau» (!).

Estou a pensar em lançar também um mestrado no ginásio do meu prédio. Será que lhe vão reconhecer interesse público?

Aditivos perigosos

Numa altura em que continuam a surgir notícias de escândalos alimentares por estes lados (com alguns falsos alarmes à mistura), aqui fica uma útil lista de aditivos alimentares perigosos. Basta clicar na imagem para a ampliar, imprimi-la e pô-la na carteira antes da próxima visita ao supermercado.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Berço da Esperança

É já amanhã o jantar de angariação de fundos da Associação Berço da Esperança, que gere dois lares para crianças desfavorecidas no território. Mais pormenores sobre a iniciativa e a instituição que a promove podem ser encontrados nesta peça do Jornal Tribuna de Macau de hoje.

Um café contra as imobiliárias

Numa altura em que acaba de ser divulgado que o número de imóveis transaccionados em Macau caiu, no último trimestre de 2008, para os níveis mais baixos desde 2002, eis que é inaugurado o Café Free, em plena Avenida da Praia Grande (na esquina com a Calçada de São João, a subida para a igreja da Sé).

O que tem uma coisa a ver com a outra, perguntar-me-ão. É simples: há perto de quatro anos, se não me falham as contas, a loja de fotografia que ali existia desde longa data deu lugar a um dos primeiros balcões locais de uma daquelas imobiliárias de Hong Kong que vieram para cá inflacionar pecaminosamente o sector. Com a queda do mercado nos últimos tempos, o balcão acabou por fechar, dando, agora, lugar a este café.

Uma bela notícia, que espero poder dar muito mais vezes! Vai um café contra as imobiliárias?

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Grand Lisboa

O hotel Grand Lisboa visto do Largo de São Domingos. É, pretensamente, o 112.º edifício mais alto do mundo, com 52 pisos e 258 metros de altura.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Gataria

Ainda na Rua da Sé, atrás do edifício das Finanças, encontra-se um prédio de esquina devoluto onde vive uma família de gatos que faz as delícias de quem por ali passa. Recebem diariamente comida de uma ou duas beneméritas e, talvez por isso, não são tão avessos à presença de estranhos como a maioria dos gatos vadios. A espreitar!

Fachada aproveitada

Na Rua da Sé, ao lado do agradável restaurante Escada, acaba de ser construído um pequeno prédio que manteve a fachada da habitação que antigamente ali existia. Não conheço o interior da nova construção, mas, vista de fora, parece um bom exemplo de preservação da traça da velha cidade. Bem melhor dos que os horríveis prédios à sua esquerda, em direcção à igreja da Sé, cheios de "gaiolas" indecentes nas varandas e janelas.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Estudos...

Nuno Lima Bastos
Jornal Tribuna de Macau
12 de Fevereiro de 2009

O Centro de Estudos Estratégicos para o Desenvolvimento Sustentável (CEEDS), um organismo da Administração criado em Maio de 2006, pago pela Fundação Macau e funcionando na directa dependência e sob orientação do Chefe do Executivo, divulgou anteontem os resultados do seu «Estudo sobre a Qualidade de Vida Global dos Residentes de Macau» relativo ao ano transacto.
Sobre as imperfeições metodológicas da sondagem já se pronunciou ontem o director deste jornal, em termos que não posso deixar de subscrever: em síntese, não tendo sido divulgada a sua ficha técnica – apenas foi referido que os dados resultaram de entrevistas telefónicas a 1017 pessoas –, não é possível aferir com rigor da sua fiabilidade e representatividade da população do território.
Mas os resultados divulgados, as ilações deles extraídas e algumas declarações adicionais dos responsáveis pelo trabalho também não ajudaram à festa. Desde logo, esta frase de Timothy Wong, também director-adjunto do Instituto de Investigação Ásia-Pacífico da Universidade Chinesa de Hong Kong: «Macau tem um Governo democrático e, por isso, recorre a consultas públicas»! Não sei que conceito terá este senhor de democracia, mas não é, seguramente, idêntico ao meu: numa região com mais de meio milhão de habitantes, um Chefe do Executivo eleito por uma comissão de meras trezentas almas, por muito iluminadas que sejam, nunca poderá, por definição, ser epitetado de «democrático»...
Curiosamente, a maioria dos inquiridos pareceu querer dar razão ao académico da RAEHK, já que 30% destes entenderam que um Governo democrático era o que estava «disposto a consultar a opinião pública», contra apenas 25,9% que o ligaram umbilicalmente ao voto do povo. Terá o senhor sido influenciado pela opinião dos residentes de Macau ou vice-versa?
Enfim, não querendo lançar atoardas contra o bom nome de ninguém, não consigo deixar de notar que, nesse e em diversos outros pontos, as conclusões da iniciativa encaixam que nem uma luva ao que tem sido a ladainha do nosso Executivo em matéria de democratização do sistema. Basta recordarmos o que foi dito há perto de um ano, aquando da consulta pública sobre a revisão das leis eleitorais: que a democracia não era «só números, mas, sobretudo, qualidade» (no que remeto para a resposta que dei na minha crónica de 13 de Março passado, disponível no meu blogue), que a população local não manifestara nas suas respostas o desejo de acesso ao sufrágio universal (ainda que a questão não tivesse sido minimamente suscitada nos documentos de consulta; bem pelo contrário, com expliquei na minha coluna de 15 de Maio) ou que o aprofundamento da democracia era incompatível com o eficaz combate à corrupção eleitoral (já agora, para serem 100% eficazes, é só acabarem com as eleições tout court...), só para citar alguns exemplos mais flagrantes.
E em que medida é que o estudo do CEEDS parece “adequado” a este tipo de argumentação? Além dos dados que já referi atrás, é atentarmos nesta contradição crassa (mencionada, aliás, pelos jornalistas portugueses que cobriram a conferência de imprensa daquele organismo): 45% dos auscultados afirmaram não ter interesse na política e outros 13% assumiram mesmo um desinteresse absoluto; além disso, 44% consideraram não ter qualquer influência na política governativa, 85% nunca manifestaram a sua opinião sobre essa política através de funcionários, departamentos públicos ou outros serviços e 82% nunca participaram em actividades organizadas por associações políticas. Não obstante tamanho desinteresse, 66% dos respondentes pretendem votar nas próximas eleições para a Assembleia Legislativa!
Ou seja: não precisamos de mais democracia; a que temos está bem para nós, obrigado! A nomenklatura que escolha e o Chefe que governe; que nós, bons cidadãos, vamos abnegadamente pôr o nosso insignificante voto na urna de quatro em quatro anos...
Como diz o velho ditado, à mulher de César não basta ser séria, é preciso parecê-lo...

PS: na semana passada, manifestei curiosidade em saber se a Melco Crown tencionava dar preferência aos trabalhadores do Hotel Crown que quisessem mudar-se para o futuro complexo City of Dreams, de forma a recuperarem um posto a tempo inteiro. Segundo li no JTM do último domingo, o cenário parece confirmar-se, estando previsto o novo empreendimento receber entre quinhentos e seiscentos trabalhadores daquela unidade hoteleira. Resta, então, saber se, após o emagrecimento, os seus antigos colegas verão os respectivos horários e vencimentos repostos. À atenção da DSAL!

Nota: agradeço ao Bairro do Oriente a menção desta crónica na sua habitual rubrica «Leituras».

Petiscos orientais

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Macau na Uncyclopedia

"Macau, a delightful sandbar in southern China, is a genuine assault on the senses – an overwhelming explosion of neon lights, slot machine noises, tastes, fumes and exotic bowel movements. Most people agree that once you spend some time in this Asian paradise, it has a strange way of getting into your blood (see AIDS).

Unfortunately, in recent years Macau has come to be associated with gambling, prostitution and sleaze. Since armed hostilities are now confined to the Chinese government and the poker room of the Rocks Casino, Macau has become a popular spot for tourists and businessmen alike to have a great time and catch exotic water born diseases. There is always something to do in Macau, from swimming with the highly endangered Sewer Water Dolphins to viewing the many historic ruins - palaces, churches and public hospitals. The memories will last long after the intestinal parasites have gone (...).

The magnificently preserved Presidential Palace is testament to the history of Macau. On weekends, there is usually an hourly[2] display of Communist Army Guards driving military vehicles round the parade grounds while letting off firearms (not an official historical display – they’re generally just drunk). Within the Presidential Palace, there are also Portuguese themed slot machines, a very tasteful homage to the Portuguese heritage of Macau (...).

The economy of Macau is based primarily around extortion and gambling. Macau is famous for having the most slot machines in the world, with one in every toilet and many at each intersection."

Tudo isto e muito mais sobre Macau pode ser lido na Uncyclopedia, uma paródia à Wikipedia - porque rir é o melhor remédio!

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Largo do Senado engalanado

O Largo do Senado continua engalanado com as decorações alusivas ao Ano Novo Chinês. Aqui ficam mais algumas imagens de qualidade do meu colega Rafael Lam.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Traduções...

Fez ontem trinta anos que a República Popular da China e Portugal estabeleceram relações diplomáticas (pode ser vista aqui a reportagem da TDM sobre a efeméride) e catorze anos que cheguei a Macau. Durante esta minha já longa estadia por terras do Oriente, a China vermelha abriu-se imenso ao exterior, mas o uso da língua inglesa pelos seus cidadãos ainda tem muito que se lhe diga, dando azo a situações divertidas como estas. Eu próprio já testemunhei expressões deste género em estabelecimentos comerciais e outros locais públicos - e continuo a sorrir sempre que as vejo!

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Infidelidade em directo


A cena terá acontecido em Dezembro de 2007, num canal de televisão chinês que apresentava um programa alusivo aos Jogos Olímpicos de Pequim do Verão seguinte: a dada altura, a mulher do apresentador irrompe no estúdio e denuncia que o marido a enganou com outra, engravidando-a!

Frases polémicas de Marinho Pinto

Marinho Pinto, Bastonário da Ordem dos Advogados desde Janeiro de 2008, dixit (selecção do Jornal de Notícias, 9/1/2009):

"Há pessoas que ocupam cargos de relevo no Estado português que cometem crimes impunemente."
DN, 27 Janeiro 2008

"Um dos locais onde se violam mais os direitos dos cidadãos emPortugal é nos tribunais."
SIC Notícias, 27 Junho 2008

"98% dos polícias à noite estão nas suas casa. É preciso haver polícias na rua à noite fardados."
Público, 27 Junho 2008

"Há centenas ou milhares de pessoas presas [em Portugal] por terem sido mal defendidas."
Público, 27 Junho 2008

"Vale tudo, seja quem for que lá esteja, desde magistrados a outros juristas, não se pode falar em justiça desportiva, mas em prevalência manifesta de interesses e de poderes."
RTP, 8 Julho 2008

"Eu não discuto com sindicatos. Os sindicatos querem é mais dinheiro e menos trabalho."
RTP, 10 Julho 2008

"Alguns magistrados pautam-se nos tribunais portugueses como os agentes da PIDE se comportavam nos últimos tempos do Estado Novo."
RTP, 10 Julho 2008

"Estão-se a descobrir podres que eram inimagináveis há meia dúzia de meses. E não é por efeito da crise. É por efeito da lógica do próprio sistema. Parece que o sistema financeiro só funciona com um pé do lado de lá da legalidade."
JN, 28 Dezembro 2008

"Uma senhora que furtou um pó de arroz num supermecado foi detida e julgada. Furtar ou desviar centenas de milhões de euros de um banco ainda se vai ver se é crime."
JN, 28 Dezembro 2008

"Pelos vistos, nenhum banco pode ir à falência."
Público, 30 Dez 2008

Como atirar um sapato impunemente

Quer atirar um sapato a alguém importante, mas não quer ir preso? Então faça como este professor português: escolha um par de sapatos velhos, ponha-os numa caixa e envie-os por correio ao seu alvo. A sensação não será bem a mesma, mas poupa a maçada de ir parar à esquadra, etc. Além disso, os correios agradecem a despesa...

Quanto à publicidade que, provavelmente, pretendia obter, é uma questão de fotografar a encomenda (por fora e por dentro, para que não haja dúvidas) antes de a enviar.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009