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sexta-feira, 12 de junho de 2009

Dia de Portugal, de Camões e da "banhada"

Nuno Lima Bastos
Jornal Tribuna de Macau
12 de Junho de 2009

Parece sina: não há 10 em Junho em Macau sem uma valente molha! Este ano, felizmente, a “banhada” não foi total, já que houve bastante mais sobriedade e objectividade nas intervenções públicas do que em anos anteriores. Desde logo, nas diversas alocuções do representante do Governo Português, Fernando Sarrasqueiro, que exibiu um conhecimento de causa e uma sensatez na abordagem dos assuntos a que estávamos pouco habituados. Não veio resolver nada, mas esteve bem na função essencialmente decorativa (sem qualquer sentido pejorativo) que lhe estava reservada.

A Chefe do Executivo em exercício também fez uma agradável prédica na recepção do final da tarde, descontraída quanto baste e com a vantagem de dispensar tradução. Só é pena que a plateia nunca consiga observar um pouco mais de silêncio nesses momentos...

Não parece haver muito mais a dizer sobre este Dia de Portugal. Talvez porque, como escreveu Eça de Queirós e relembrou António Barreto, presidente da comissão organizadora das celebrações, «as festas decretadas, impostas por lei, nunca se tornam populares». É claro que também festejamos o nosso enorme Camões e as nossas comunidades espalhadas pela diáspora – logo, a data é igualmente um tributo aos que aqui vivem ‑, mas há qualquer coisa que falta para tornar o 10 de Junho verdadeiramente especial neste cantinho do mundo.

De resto, falei com diversos compatriotas ao longo do dia e cedo me apercebi do alheamento dominante. Até iriam ao içar da bandeira se não fosse dia de trabalho, mas nada mais.

Aliás, não é verdade que, ainda no último fim-de-semana, menos de duzentas pessoas foram exercer o seu dever cívico nas eleições para o Parlamento Europeu? Seguramente que essa é uma realidade muito distante – basta ver a escassa cobertura que a campanha eleitoral aqui teve ‑, mas não deixa de ser um quase privilégio podermos intervir nesse processo apesar de não vivermos no espaço europeu; privilégio, no entanto, esbanjado por quase todos nós... (num exemplo de sentido contrário, eu e as centenas de milhar de madeirenses espalhados pelos quatro cantos do globo não podemos eleger os deputados à Assembleia Legislativa Regional da Madeira se lá não estivermos recenseados. Fosse-me dada a possibilidade de o fazer a partir daqui e não a enjeitaria, com toda a certeza...).

Julgo que do que precisamos para nos mobilizar e dar a este dia a sua merecida dimensão é de o transformar numa montra de Portugal para toda a população do território; até para tentar aproximar um pouco mais aqueles 115 000 inscritos no consulado do país que lhes reconheceu uma, em qualquer outra paragem, improvável nacionalidade. Neste sentido, há perto de um ano, escrevi: «não seria muito mais interessante e gratificante para todos nós que, em vez de uma recepção aberta no antigo Belavista (ou a par dela), houvesse uma celebração alargada no Largo do Senado, onde fossem dados a conhecer a história, a cultura e os produtos portugueses – incluindo dois dos mais apreciados, a gastronomia e o desporto? Não falo apenas de uma espécie de feira, mas de algo bem mais elaborado: painéis com fotografias do nosso país e informação em várias línguas, um ecrã gigante com vídeos das diferentes regiões do país e dos muitos eventos internacionais que ali têm decorrido na última década (e tenho visto alguns muito bem conseguidos da responsabilidade do Turismo de Portugal, I.P.), balcões de empresas portuguesas e dos seus produtos, um palco onde decorressem iniciativas culturais e intervenções oportunas de representantes do Governo português, etc. Ambicioso? Talvez. Impossível? De modo nenhum! É uma questão de se começar. Se um projecto destes tiver receptividade das autoridades, empresas e associações portuguesas, poderá crescer paulatinamente e assumir-se como um grande evento dentro de poucos anos».

Ainda não foi desta. Talvez não seja nos próximos anos. Algumas estruturas associativas locais bem se têm esforçado em diversas actividades, mas falta qualquer coisa de mais abrangente e mais aberta ao resto de Macau. Tínhamos todos a ganhar com isso. Fica a esperança de que um dia, com governantes de vistas mais largas em Lisboa, lá cheguemos. Aí, sim, o 10 de Junho será um momento alto de Portugal entre nós.

Nota: agradeço ao Bairro do Oriente a divulgação desta crónica na sua habitual rubrica «Leituras».

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Atraso

O Jornal Tribuna de Macau fecha, agora, a sua edição diária mais cedo, pelo que O Protesto, tendo estado presente na recepção-sauna do 10 de Junho no antigo Hotel Belavista, não conseguiu ficar pronto a tempo do fecho do jornal para sair hoje.

É, pois, um atraso por uma boa causa, apesar da manifesta falta do presunto Pata Negra na cerimónia (ou, então, os outros convivas foram uns verdadeiros alarves e comeram tudo antes de lá chegarmos).

Contamos ter a nossa crónica concluída a tempo de sair amanhã, sexta-feira. Gratos pela habitual compreensão dos nossos leitores amigos!

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Dia de Portugal no Second Life

A Presidência da República lançou o Espaço 10 de Junho no mundo virtual Second Life. O acesso pode ser feito a partir daqui. Mais pormenores podem ser lidos nesta notícia do jornal Público.

Num país cada vez mais surreal, nada como um 10 de Junho virtual...

quinta-feira, 17 de julho de 2008

A propósito da revisão estatutária da CPM

Nuno Lima Bastos
17 de Julho de 2008

Precisamente quando cogitava sobre o que haveria de escrever esta semana, bloqueado por uma manifesta falta de inspiração, eis que recebo a proposta de alteração estatutária que vai hoje a votos na assembleia-geral anual da Casa de Portugal em Macau (CPM).
Da convocatória recebida há alguns dias, depreendera já que se pretendia consagrar estatutariamente o cariz desportivo que a associação vem assumindo de facto há alguns anos, presumo que também para facilitar o acesso a apoios públicos nesta área.
Percorrendo apressadamente o documento, encontro, contudo, outras interessantes propostas: por exemplo, a de se incluir nos fins da CPM a criação de «núcleos de acção cultural e de formação que se mostrem adequados à permanente valorização das competências e saberes dos membros da comunidade portuguesa», assim como «fomentar a cooperação e o conhecimento mútuo das respectivas culturas com as demais comunidades residentes em Macau, nomeadamente as restantes comunidades de língua portuguesa».
Isto faz-me recordar um desejo de longa data: que as comemorações do 10 de Junho sejam uma montra de Portugal para toda a população do território. Não seria muito mais interessante e gratificante para todos nós que, em vez de uma recepção aberta no antigo Belavista (ou a par dela), houvesse uma celebração alargada no Largo do Senado, onde fossem dados a conhecer a história, a cultura e os produtos portugueses – incluindo dois dos mais apreciados, a gastronomia e o desporto? Não falo apenas de uma espécie de feira, mas de algo bem mais elaborado: painéis com fotografias do nosso país e informação em várias línguas, um ecrã gigante com vídeos das diferentes regiões do país e dos muitos eventos internacionais que ali têm decorrido na última década (e tenho visto alguns muito bem conseguidos da responsabilidade do Turismo de Portugal, I.P.), balcões de empresas portuguesas e dos seus produtos, um palco onde decorressem iniciativas culturais e intervenções oportunas de representantes do Governo português, etc. Ambicioso? Talvez. Impossível? De modo nenhum! É uma questão de se começar. Se um projecto destes tiver receptividade das autoridades, empresas e associações portuguesas, poderá crescer paulatinamente e assumir-se como um grande evento dentro de poucos anos.
Paralelamente, há pequenas ideias que são muito bem acolhidas pela população local e despertam a sua atenção para a nossa comunidade e o nosso país. Um desses casos sucedeu em 2004, quando Portugal organizou o campeonato da Europa de futebol: os jardins do nosso consulado geral em Macau foram preenchidos com réplicas em tamanho real dos jogadores da selecção nacional e, de repente, toda a imprensa chinesa falava nisso e ninguém que ali passasse permanecia indiferente à iniciativa. Pena foi que não tivesse tido continuidade.
Voltando aos estatutos da CPM, reparei que prevêem a criação de grupos de trabalho, fóruns de debate e observatórios, assim como a existência de um conselho consultivo, que nunca foi constituído em sete anos de funcionamento da CPM.
Confesso-me algo avesso a estes conselhos, que costumam servir apenas para atribuir posições honoríficas a pessoas que nada de útil fazem pela agremiação, limitando-se a se pavonear nas fotografias e nos repastos ao lado das individualidades, pelo que talvez fosse melhor simplesmente expurgar este órgão dos estatutos.
Já quanto aos fóruns de debate e afins, lamento que nunca tenham tido grande expressão ou, pelo menos, existência mais regular, porque a comunidade carece de debate e tem gente competente para o fazer, como se viu na passada sexta-feira, na sessão de lançamento do novo livro de Arnaldo Gonçalves, O Poder e o Direito. E, sem desprimor para algumas palestras e tertúlias já promovidas pela CPM sobre temas mais ou menos inócuos, ainda que úteis (e reconheço o esforço de quem as organizou), do que precisamos é de debate sério e temas quentes! Para quando um debate sobre o funcionamento das instituições portuguesas em Macau (o IPOR, a Escola Portuguesa, o consulado, até as associações)? E outro sobre o uso da nossa língua na administração e nas concessionárias de serviços públicos, com as conclusões enviadas por escrito às visadas? E outro sobre o acompanhamento da comunidade portuguesa pelos partidos políticos nacionais, incluindo os seus representantes parlamentares, igualmente com os pontos fortes transmitidos aos visados (já basta de turismo à conta do erário público...)? E outro sobre o desenvolvimento do sistema político de Macau, tão na ordem do dia?
Matéria não parece faltar. É uma questão de não nos auto-amordaçarmos, como ouvi dizer há uma semana. Por onde querem começar?

sábado, 14 de junho de 2008

Ainda as reacções ao 10 de Junho

O discurso do Secretário de Estado Adjunto do Primeiro-Ministro, Filipe Baptista, na recepção do Dia de Portugal sofreu duras críticas de todos os quadrantes. Julgo que nunca tinha assistido a tamanha unanimidade de opiniões negativas entre a comunidade portuguesa de Macau em relação à intervenção de um representante do Governo nacional nesta efeméride.

A minha posição foi manifestada na minha habitual crónica das quintas-feiras no Jornal Tribuna de Macau, como se pode ler na anterior posta deste blogue, e em declarações a este diário e ao Ponto Final de 11 de Junho.

Não menos críticos foram o director-adjunto do Jornal Tribuna de Macau, Sérgio Terra, no seu texto «Às vezes, mais vale nunca do que tarde», também de 11 de Junho, o chefe de redacção da revista Macau Closer, Nuno Mendonça, no excelente artigo de opinião «Um OVNI em Macau», publicado no Ponto Final de ontem (mas indisponível na edição online), e o director do Hoje Macau, Carlos Morais José, na sua prosa «A Fava», igualmente de ontem.

Pelo mesmo diapasão alinharam Amélia António, presidente da Casa de Portugal, José Pereira Coutinho, deputado e membro do Conselho das Comunidades Portuguesas, Fernando Gomes, seu colega neste órgão, e José Oliveira Paulo, presidente da Associação de Pais da Escola Portuguesa (Jornal Tribuna de Macau, Ponto Final e Hoje Macau de 11 de Junho).

A tudo isto reagiu o enviado de José Sócrates com a nada diplomática frase «há um conjunto de pessoas [na RAEM] que têm uma má disposição crónica», segundo relata o Jornal Tribuna de Macau de ontem. Pronto, está visto que andamos todos mal-dispostos por estes lados...

Actualizações em 16 e 18 de Junho:
acabo de reparar que Sérgio Terra respondeu (e bem) a Filipe Baptista no mesmo dia em que escrevi esta posta, em «Contra a azia e má disposição». Os nossos bem conhecidos Severo Portela, director do já desaparecido Futuro de Macau, e António Aguiar, dirigente desportivo, também se referiram ao malfadado discurso proferido no antigo Belavista, nos artigos de opinião «Dia de Camões, da Catarse e das Comunidades Portuguesas» (Hoje Macau de 13 de Junho) e «Nacionalista eu?» (Jornal Tribuna de Macau da mesma data), respectivamente. E, porque as reacções parecem não acabar, o meu amigo Correia Marques também acaba de dar a sua "paliçada" no assunto, através do escrito «Tô vivendo» (Hoje Macau de 18 de Junho. Na versão online, a autoria aparece, por lapso, como sendo de Zélia Ribeiro). Filipe Baptista é que, uma vez mais, discorda de todas estas críticas, em depoimento recolhido por João Paulo Meneses (Ponto Final de 18 de Junho).

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Um discurso nada "simplex"

Nuno Lima Bastos
Jornal Tribuna de Macau
12 de Junho de 2008

Se bem estais recordados, iniciei a minha crónica de há uma semana num tom marcadamente pessimista em relação às comemorações do Dia de Portugal que se avizinhavam. Fosse tão fácil acertar no mark six e há muito que estaria milionário. Quem se deslocou anteontem ao antigo Hotel Belavista, viu o telejornal desse dia ou, simplesmente, ouviu a rádio ou leu os jornais da manhã seguinte já sabe o que aconteceu: o representante do Governo português, o meu contemporâneo de lides académicas Filipe Baptista, improvisou um longo discurso que – no discreto desabafo de uma importante figura ali presente – bem podia ter sido decalcado de outro proferido dias antes numa qualquer terreola do nosso país. Um jornal local referiu-se-lhe com o bem conseguido título de «muito Portugal, pouco Macau», mas eu até teria ido mais longe e escrito «só Portugal, zero Macau» ou coisa parecida.
Não está aqui em causa a capacidade ou a competência do Secretário de Estado Adjunto do Primeiro-Ministro. Pelo contrário, tenho dele a imagem de uma pessoa culta e capaz, ou não tivesse sido o eleito de José Sócrates para assegurar a articulação do seu gabinete com os diversos ministérios.
O problema é que, como de costume, o Executivo de Lisboa nada preparou para o 10 de Junho. Confesso que me ocorrera vagamente que, desta feita, talvez houvesse um pouco mais de empenho, influenciado por uma notícia do Público de há oito dias, que avançava estarmos perante «o maior investimento de sempre de um Governo nas comemorações do 10 de Junho no estrangeiro. Ao todo, cinco ministros e 14 secretários de Estado irão assinalar o Dia de Portugal junto de portugueses residentes no estrangeiro, em comemorações que decorrerão entre os dias 8 e 15 de Junho». A mesma peça citava, também, críticas antecipadas de alguns membros do Conselho das Comunidades Portuguesas, do estilo «se for só para passear, não vale a pena, as pessoas que venham para ouvir, para tomar medidas» – ao que eu acrescentaria: se for para vir a Macau falar do combate ao défice público e do Simplex ao lado de Edmund Ho e perante quem cá vive, também não...
A pergunta sacramental é, pois: sendo o Secretário de Estado uma pessoa competente e esclarecida, então, o que lhe passou pela cabeça para vir aqui fazer um discurso daqueles? Julgo que só há uma resposta possível: nada! E teve esse vazio pela simples razão de que absolutamente nada fora preparado para esta deslocação. Daí “jogar pelo seguro” e desatar a falar apenas daquilo que sabia: as propostas do seu Governo para os problemas internos de Portugal. Entre isso e cair no embaraço de dizer alguma asneira sobre Macau, nem deve ter pensado duas vezes... Aliás, o próprio Filipe Baptista reconheceu que fora uma escolha de última hora, embora tendo-a aceitado «com todo o gosto, mas com alguns condicionalismos de agenda».
Mas se há 10 de Junho todos os anos, se é tradição a data ser celebrada em todas as comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo – ou não fosse também o seu dia –, se somos já cinco milhões de almas a residir fora da pátria e se enviamos mais de dois mil milhões de euros anuais (!) para Portugal, como é possível os nossos sucessivos Governos ainda não terem começado a programar devidamente as suas actividades para a ocasião? Como é possível chegarem sempre às vésperas do acontecimento sem saber quem vai aonde e sem ter o trabalho de casa preparado e distribuído?
No Palácio das Necessidades, fala-se muito, de há uns anos a esta parte, em diplomacia económica. Pois onde está ela? Eis um bom exemplo: no início de 2007, o Governo anunciou que tencionava encerrar dezassete consulados em todo o mundo, com vista a poupar 3,6 milhões de euros anuais. Ora, isso equivale a metade das remessas diárias – diárias, note-se bem! – dos emigrantes portugueses para o seu país natal. A nossa diplomacia económica parece, assim, resumir-se a poupar no apoio público aos portugueses que estão fora, continuando a receber muito, cada vez mais, do bolso destes. Visto deste prisma, o que se passa com o IPOR ou a Escola Portuguesa de Macau acaba por não ter nada de anormal...
Não sei é se hão-de alguma vez alcançar, em Lisboa, que não está apenas em causa o apoio devido aos seus cidadãos do mundo: as representações diplomáticas e consulares, as delegações económicas, os organismos de ensino da língua portuguesa, etc., são, também, a imagem avançada do país, transmitindo a quem nos procura a primeira impressão do que é Portugal. E que imagem é esta que estamos a difundir por todo o globo? A fazer fé no que tenho visto e ouvido por aqui nestes dias, não é nada, nada, abonatória...
E agora tenho que concluir, pois está prestes a entrar novamente em acção um dos produtos portugueses com melhor acolhimento no exterior: a nossa selecção nacional de futebol! Checos, aqui vamos nós!

terça-feira, 10 de junho de 2008

O dia da raça

Segundo o jornal Público, o Presidente da República, Cavaco Silva, cometeu ontem uma valente gaffe em Viana do Castelo, onde decorrem este ano as celebrações oficiais do 10 de Junho, ao afirmar: «hoje eu tenho que sublinhar, acima de tudo, a raça, o dia da raça, o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas». Para o Público, tratou-se de uma «insólita confusão entre a designação actual e a que era adoptada pelo anterior regime».

Esperemos que o Secretário de Estado Adjunto do Primeiro-Ministro, Filipe Baptista, não faça o mesmo mais logo, no antigo Belavista. Seria bastante embaraçoso, com tantos convidados alienígenas...

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Filipe Baptista no 10 de Junho

Afinal, o representante do Governo Português nas celebrações do 10 de Junho em Macau será o Secretário de Estado Adjunto do Primeiro-Ministro, Filipe Baptista.

Mais pormenores sobre a distribuição dos membros do Executivo de José Sócrates pelas diversas comunidades lusas espalhadas pelo mundo, no próximo Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, podem ser encontrados aqui e aqui.

Actualização em 18 de Junho: para os mais curiosos, a edição de 13 de Junho do semanário O Clarim faz uma análise ao percurso político de Filipe Baptista.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Um deputado (ou dois?) para Macau?

Nuno Lima Bastos
5 de Junho de 2008

Parece que ainda não é desta que vamos ter um 10 de Junho descansado. Além de o tema recorrente da mudança das instalações da Escola Portuguesa ter sido reavivado pela recente vinda a Macau do Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Portugal, João Gomes Cravinho, temos agora a crise financeira do Instituto Português do Oriente (IPOR) e o conflito aberto entre a sua presidente, Maria Helena Rodrigues, e a sua homónima do Instituto Camões, Simonetta Luz Afonso. Como se não bastasse, o gabinete da Ministra da Educação veio desmentir a notícia da Agência Lusa que dava o Secretário de Estado Adjunto e da Educação, Jorge Pedreira, como representante de Lisboa nas próximas comemorações do Dia de Portugal aqui no território.
Não sei se Jorge Pedreira desejava repetir a sua vinda de há dois anos, mas, com tantos problemas, suspeito que até deve ter agradecido a “nega” ao staff de Maria de Lurdes Rodrigues. Afinal, quem é que quer fazer uma viagem tão longa para ser crucificado pelas sucessivas falhas da política externa nacional em relação ao seu antigo território?
No ano passado, foi a desconsideração da ausência de qualquer representante do Executivo de José Sócrates nas celebrações em Macau. Há dois anos, foram as notícias da possível não renovação em massa das licenças especiais dos quadros da Administração Portuguesa aqui em funções, tema para o qual tive então, aliás, oportunidade de sensibilizar pessoalmente o Secretário de Estado Adjunto e da Educação, com a inestimável ajuda do Embaixador Pedro Moitinho de Almeida. Há três, quatro, cinco, seis anos, era ainda a Escola Portuguesa, era a vinda de médicos, era o financiamento e o modelo de funcionamento do IPOR, era a inconcebível demora na emissão de documentos de identificação e de viagem, era o encerramento do consulado em Hong Kong, era a falta de pessoal do consulado em Macau; enfim, tem sido uma miríade de dificuldades que parecem nunca mais acabar e que, infelizmente, estão muito para lá do que a simples boa vontade da nossa comunidade local possa conseguir. São questões que dependem quase exclusivamente do Estado Português e a que este tem tardado em responder. O que podemos nós, então, fazer para alterar este estado de coisas? Sejamos ousados, é o que proponho!
Sempre que há eleições legislativas ou presidenciais em Portugal, costumo recordar nos meus escritos a velha máxima de que «o voto é a arma do povo». Normalmente, os nossos dirigentes políticos “farejam” o voto. Se há um círculo com muitos eleitores inscritos e uma grande participação nos sufrágios, pois ali aparecem os candidatos e os governantes, ouvindo a população, fazendo promessas e, com alguma sorte, cumprindo algumas delas. Ora, Macau tem mais de 115 000 potenciais eleitores portugueses, tantos quantos os cidadãos inscritos no consulado. Desses, apenas 11 521 estavam recenseados aquando das últimas eleições para a Assembleia da República, em Fevereiro de 2005, dos quais somente 737 exerceram o seu dever cívico, já incluindo o resto da China. Isto dá uma abstenção de 94%! E esperamos, realisticamente, que os políticos instalados no extremo mais ocidental da Europa se lembrem de nós; ainda para mais, com todos os dramas que já ali têm? E vamos continuar com a táctica da “pescadinha de rabo na boca” (não olham para nós, também não olhamos para eles)?
Proponho um exercício alternativo: nas eleições parlamentares portuguesas, o chamado círculo de «Fora da Europa» é responsável pela atribuição de dois assentos, actualmente ocupados, como sabemos, por José Cesário e Carlos Páscoa Gonçalves, ambos do Partido Social Democrata. Sabeis com quantos votos foram estes senhores escolhidos há pouco mais de dois anos? Com meros 7707! Como a segunda força mais votada neste círculo, o Partido Socialista, se quedou pelos 3607 votos, bastavam 7216 votos para garantir os dois lugares em São Bento. Difícil? Nem por isso: em Setembro do mesmo ano, José Pereira Coutinho alcançou um lugar na Assembleia Legislativa de Macau com 9974 votos, mais do que os dois deputados do PSD juntos!
O território tem, pois, condições privilegiadíssimas para colocar dois representantes na sede do poder legislativo português e, assim, se fazer ouvir naquela câmara. O único senão é que a Lei Eleitoral da Assembleia da República (Lei n.º 14/79, de 16 de Maio, com as alterações introduzidas pela Lei Orgânica n.º 2/2001, de 25 de Agosto) só permite candidaturas de partidos políticos e o diploma regulador destes (Lei Orgânica n.º 2/2003, de 22 de Agosto) impõe o seu «carácter nacional», querendo isto dizer que «não podem constituir-se partidos políticos que, pela sua designação ou pelos seus objectivos programáticos, tenham índole ou carácter regional» (artigo 9.º).
Mas não vem daqui mal nenhum ao mundo: “bastaria”, por exemplo, as associações de matriz portuguesa de Macau, ou algumas delas, se juntarem, acordarem em dois nomes que conseguissem “entrar” nas diversas comunidades lusas do território (como Pereira Coutinho tem conseguido) e proporem-nos a um partido português. O PSD e o PS não os aceitariam, provavelmente, mas tenho para mim que o CDS-PP ou o Bloco de Esquerda os chamariam um “figo”. Afinal de contas, estariam a receber de bandeja a melhor possibilidade de aumentarem o seu reduzido pecúlio de assentos parlamentares. Macau, por sua vez, ganharia duas lanças em São Bento e aposto que algumas coisas começariam a mudar.
Vamos a isso?

Nota: agradeço a simpática referência de Paulo Reis a esta crónica no seu blogue Apontamentos.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Jorge Pedreira no 10 de Junho

O Secretário de Estado Adjunto e da Educação, Jorge Pedreira, regressa a Macau para representar o Governo Português no próximo 10 de Junho, depois de já ter desempenhado esse papel há dois anos.

Como José Sócrates não enviou ninguém ao território no último Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, Jorge Pedreira acaba por fazer duas representações consecutivas, o que deve ser feito inédito.

Pelo menos, não tem desculpa para cometer nenhuma das habituais gaffes dos dirigentes lusitanos quando cá vêm, como chamar a Macau uma «região autónoma» (é o efeito da Madeira e Açores), a Edmund Ho «primeiro-ministro» ou aos membros da sua equipa «secretários de estado» ou «secretários-adjuntos» (isso era antes do handover)...

Actualização em 30 de Maio: segundo uma peça assinada por João Paulo Meneses no Ponto Final de hoje, o gabinete da Ministra da Educação desmente que Jorge Pedreira seja o representante do Governo Português nas próximas comemorações do 10 de Junho em Macau. Tenho que ter uma conversa séria com o meu amigo José Costa Santos, da Lusa...