terça-feira, 16 de setembro de 2008

Enfim, os Paraolímpicos no Público!

Com a competição prestes a terminar, eis que o Público - o meu jornal português preferido - começa finalmente a utilizar a designação «Jogos Paraolímpicos», em vez dessa coisa esquisita dos «Paralímpicos»! Pode ler aqui e aqui (só foi pena não terem corrigido a legenda da fotografia na primeira notícia...).

6 comentários:

Francisco Castelo Branco disse...

E quem nos dá mais medalhas?

Os olimpicos?

os paraolimpicos?

Nuno Lima Bastos disse...

Pelos vistos, os segundos!

Anónimo disse...

Bem esteve o apresentador do Jornal da TDM (de cujo nome, infelizmente, não me lembro), ao dizer: "...nos Jogos Paralímpicos, ou Paraolímpicos, porque se pode dizer das duas maneiras...". Fez questão em mostrar que sabe que se pode dizer das duas maneiras e felicito-o por isso.

Nuno Lima Bastos disse...

Caro leitor,

Julgo que está equivocado. O que o meu amigo Vítor Rebelo (é esse o nome do apresentador em causa) disse no telejornal de domingo passado foi: «paralímpicos ou paralímpicos, pode-se dizer das duas maneiras»... A intenção era outra, claro, mas foi isso que lhe saiu. Como gravo o telejornal todos os dias, tive oportunidade de ver duas vezes essas imagens e confirmar o lapso.
Acredito, até, que o Vítor Rebelo tenha tido esse gesto em consideração pelo que tenho escrito sobre o assunto - e registo essa atenção -, mas, simpatias à parte, «paralímpicos» continua a não fazer qualquer sentido para mim.

Saudações!

Anónimo disse...

Eu não gravo e só ouvi uma vez, pelo que não me apercebi da "gaffe". Mas a intenção é evidente: não fazia sentido ter dito o que disse se não se quisesse referir a "paralímpicos ou para-olímpicos". De resto, só afirmo que algo não faz sentido quando tenho uma justificação para isso. Soar bem ou não soar é apenas uma questão de gosto. A música erudita contemporânea, por exemplo, não me soa bem. Mas acredito que faça sentido.

De qualquer maneira já deixei aqui a minha explicação, o mais científica que me foi possível, e sem a ter ido buscar a lado nenhum, mas baseando-me apenas nos meus modestos conhecimentos. A si, apenas lhe contesto o facto de recusar algo porque não lhe soa bem. O resto - isto é, a argumentação do Ciberdúvidas e de outros -, perante o que já expus, parece-me uma argumentação demasiado inconsistente e subjectiva para poder ser levada a sério. Julgo que a aceitou por estar em desvantagem em relação a mim numa coisa apenas (independentemente dos conhecimentos que cada um possa ter): já tinha um preconceito contra a palavra "paralímpicos", pelo mal que lhe soava, e apenas procurou evidências que a desacreditassem; eu, pelo contrário, não tinha nada a favor nem contra a palavra, e limitei-me apenas a pesar, com imparcialidade (porque sem paixões nem ódios), os argumentos contra e aqueles que poderiam ser utilizados a seu favor. E não tenha dúvidas de que, neste balanço, me apareceram muitas evidências de que não havia motivos para considerar a palavra errada.

Seja como for, não o incomodo mais em relação a isto. Acho que cada um já utilizou os argumentos de que dispunha. Para terminar, digo-lhe apenas que também detesto algumas palavras portuguesas, de que o maior exemplo talvez seja "sovaco", e trocá-la-ia por outra qualquer (o sinónimo "axila" também não me convence), ainda por cima sendo "sovaco" uma palavra inexplicável, de origem obscura. Mas nem o facto de ser filho feio de pais incógnitos faz do "sovaco" alvo a abater e, a menos que alguém consiga encontrar uma boa razão para acabar com ela, perdurará por muito mais anos.

Cumprimentos e não pense que tenho insistido neste assunto só para o arreliar, mas apenas porque acho que devia ser um bocadinho mais flexível com a língua que fala e de que certamente gosta.

PS: Um dos senhores do Ciberdúvidas, tomado da inflexibilidade que é apanágio daquele sítio, fez parte do júri do Campeonato de Língua Portuguesa. Só lhe digo que, perante as reclamações (muito bem fudamentadas) de muitíssimos concorrentes que sabiam do que estavam a falar, teve de dar várias vezes o braço a torcer e considerar como respostas certas algumas das que anteriormente tinha jurado a pés juntos que estavam erradas. Como vê, o Ciberdúvidas não é a Bíblia linguística. E muito menos o é o Governo, que publica acordos ortográficos disparatados por decreto, esses sim, com normas que vão contra toda a lógica que rege a Língua Portuguesa.

Nuno Lima Bastos disse...

Caro anónimo,

É óbvio que a intenção do V.R. era referir-se às duas grafias. Só referi o lapso para lhe mostrar que você estava tão ansioso para me "atirar isso à cara", que nem se apercebeu do que realmente foi dito.

Agora, vamos a ver se me faço entender, uma vez que parece que ando a ser mal interpretado: eu não recusei a palavra «paralímpicos» apenas por me soar mal, como diz. Eu estava convicto de que o termo correcto era «para-olímpicos» (com hífen), até porque já tinha visto muitas vezes a palavra com esta grafia. Daí ter estranhado quando comecei a ver e ouvir «paralímpicos» nas últimas semanas. Por isso, fui pesquisar o assunto.
Comecei pelo meu dicionário de referência - o da Academia das Ciências de Lisboa - e confirmei a minha convicção. Depois, fui ao Ciberdúvidas e sucedeu o mesmo (ainda que diversas entradas deste "website" sustentassem o uso da palavra sem hífen, o que considero ser uma questão menor por contraponto com o debate entre «paralímpicos» e «paraolímpicos»).
Acrescento que não me limitei a seguir cegamente o Ciberdúvidas: por exemplo, as referências legais que citei no meu artigo do JTM da semana passada foram todas pesquisadas por mim, não foram retiradas de nenhum texto sobre o assunto. E, por cada normativo que referi "a meu favor", indiquei igualmente outro "contra mim". Como vê, não fui apenas buscar convenientemente o que me servia. Pelo contrário, afirmei muito explicitamente que o legislador não ajudava a resolver a confusão.
Quanto à consistência dos seus argumentos "versus" os do Ciberdúvidas e outros, só lhe posso dizer que discordo dessa opinião, ainda que respeite o seu raciocínio técnico.

A terminar, creia que não há aqui «paixões nem ódios» da minha parte. Apenas me chocam os gritantes atropelos à língua portuguesa a que assisto diariamente, sem que as pessoas curem minimamente de os tentar corrigir. Posso estar errado quando debato um assunto, mas, ao menos, esforço-me por aprender.

Cumprimentos e volte sempre!