quinta-feira, 22 de maio de 2008

Esquecimentos...

Nuno Lima Bastos
Jornal Tribuna de Macau
22 de Maio de 2008

Com a aproximação das eleições directas para a liderança do PSD nacional, a 31 deste mês, o Secretário-Geral do partido, José Ribau Esteves, resolveu enviar uma cartinha aos militantes da diáspora, recordando-lhes que também tinham que pagar quotas para poderem votar.
Eu bem que insisti nisto aquando das últimas eleições para a secção “laranja” local, por muito que alguns “chicos-espertos” jurassem o contrário, procurando assim justificar os seus lapsos (ou a sua incompetência, é como preferirem)... Aliás, o mentor e organizador desse sufrágio, o nosso bem conhecido José Cesário, esteve envolvido numa confusão semelhante pouco tempo volvido, por ocasião das directas vencidas por Luís Filipe Menezes, com este jocosamente a referir que «uma recôndita cidade da Amazónia de que nunca ninguém ouviu falar tem duzentos militantes do PSD. Devem ser os índios yanomani, com certeza» (notícia da Agência Lusa de 27 de Setembro passado). José Cesário veio depois esclarecer que, afinal, havia era 22 “laranjas” em condições de votar na cidade de Maringá, Estado do Paraná, acrescentando que esses emigrantes o podiam fazer porque «têm as quotas pagas e pertencem ao PSD há mais de seis meses». Pelos vistos, só quando vem a Macau é que o digníssimo representante da Nação se esquece dos regulamentos do partido...
Enfim, adiante. Constou-me que a missiva de Ribau Esteves estava a despertar mais crises de memória no território. Com efeito, depois do fenómeno mobilizador que foi a inscrição de 31 funcionários consulares e parentes no PSD-Macau em apenas ano e meio (entre Janeiro de 2006 e o sufrágio local de Julho de 2007), mais do que duplicando o universo dos “laranjas” aqui encartados, eis que alguns deles se dizem agora surpreendidos pelas palavras do seu Secretário-Geral, asseverando desconhecer que eram militantes do PSD e que tinham que contribuir com umas pataquinhas anuais para a grande causa da tripla seta! E esta?
Escusado será dizer que tudo isto cheira muito mal. Parece que a humidade anda a afectar o discernimento das pessoas – das que foram levadas ou de quem as levou... Ora, como ninguém entra no “laranjal” sem a propositura de outro “laranja”, o melhor que os novos “rebentos” têm a fazer é ir pedir satisfações a quem os meteu, ou a quem supõem que os meteu, nesta aventura. Boa sorte!
Entretanto, o prazo para pagamento das quotas findou ontem. Não era fácil fazê-lo por estas bandas, uma vez que, segundo me informou um compagnon de route, a nova direcção do PSD-Macau ainda não tinha, no início da semana (e apesar de estar em funções há quase dez meses), nem conta aberta no banco, nem livro de recibos e nem sequer uma lista actualizada dos militantes (que é só pedir por email para Lisboa, que eles a enviam pelo mesmo meio em um ou dois dias). Mais uns esquecimentos, ao que parece...
Ainda assim, lá consegui pagar a quota de 2008 com mais alguns amigos, pelo que contamos exercer o nosso direito de voto no fim do mês, não obstante as fracas alternativas que se nos colocam. Resta saber se os quase oitenta “frutos” do recente “milagre da multiplicação dos laranjas locais” pagaram, cada qual, as duzentas e trezentas pataquinhas necessárias para poderem participar nessa escolha (correspondentes às quotas em falta de 2006 a 2008 – cem patacas por ano). Se o não fizeram, não vão votar nem se candidatem a delegados ao próximo congresso de Guimarães, por favor, porque não estou para despender mais serões a redigir pedidos de impugnação. Tanto mais que os doutos conselheiros da capital ainda se não pronunciaram sobre a última maçada que tive...

PS: falando em esquecimentos, descobri recentemente que a Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau reformulou por completo o seu sítio na Internet (www.atfpm.org.mo). Gostava de o explorar, mas o problema é que parece não ter versão portuguesa... No nosso idioma, só encontrei um texto intitulado «Semear o Amor entre as pessoas» – nobre, sem dúvida, mas muito pouco, em particular quando me lembro que saiu precisamente daquela organização a única candidatura da terra às recentes eleições para o Conselho das Comunidades Portuguesas, o órgão que nos representa junto do Governo lusitano. Não é esquecimento a mais?

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