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Já há algumas semanas que CMJ vem contemplando os leitores do Hoje Macau com fortes críticas ao Dalai Lama e aos apoiantes das suas reivindicações para o povo tibetano. Recordo-me, nomeadamente, do seu editorial de 9 de Abril e do artigo de opinião que escreveu dois dias depois, onde me chamou «neo-monge indignado».
Cada um é livre de ter a sua opinião e ambos temos expressado abertamente a nossa nesta matéria. É claro que, se eu vivesse do lado de lá da fronteira, seria preso apenas por ter uma bandeira do Dalai Lama, quanto mais por simpatizar publicamente com o antigo Prémio Nobel da Paz, mas isso é um pormenor que não parece ter relevância nas análises que CMJ faz sobre o regime chinês. Um regime, aliás, que prende jornalistas e lhes veda sistematicamente o acesso aos locais onde os acontecimentos "sensíveis" têm lugar, como o próprio Hoje Macau menciona em relação ao local onde decorreram as conversações de domingo passado entre representantes do Dalai Lama e do governo central. Mas CMJ, enquanto jornalista, também não parece ficar muito incomodado com isso. Adiante, que não quero ser novamente acusado de me limitar a uma «prosa copy paste» cheia de «lugares-comuns»...
O que já me parece menos adequado é CMJ apresentar como notícia (esta, assinada por ele na edição em papel, embora o seu nome não apareça na versão online) o que, no conteúdo, se afigura como um verdadeiro texto de opinião (por comparação, vejam-se esta e esta notícias do jornal Público sobre o mesmo assunto). As críticas de CMJ aos "pró-tibetanos" parecem, assim, ter "evoluído" de um editorial para um artigo de opinião e, agora, para as próprias notícias. Quando assim acontece, já é a objectividade do jornal, enquanto órgão noticioso, que começa a ser atingida.
Desde que João Costeira Varela anunciou a sua saída do Hoje Macau, tenho sentido uma mudança que não me entusiasma particularmente na linha editorial deste respeitado título local, devo confessar. Cada director tem o seu estilo, é verdade, mas João Costeira Varela parecia-me mais equidistante em relação às questões políticas locais e nacionais. Espero que CMJ não me leve a mal a opinião, que é franca e aberta.
Prefiro claramente o CMJ do editorial de ontem, «Os desvios». Esse, sim, é o CMJ que eu costumava ler com gosto! Fica a nota.
3 comentários:
Muito bem. Apoiado.
Parabéns pela sua frontalidade e pela clarividência da ideia exposta.
Um Abraço
Obrigado!
Um abraço
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