terça-feira, 6 de maio de 2008

A queda da máscara?

Acabado de regressar de umas curtas férias no exterior, eis que me deparo com esta capa do Hoje Macau de hoje. No seu interior, quatro artigos com referências bastante negativas ao Dalai Lama, um dos quais assinado pelo director do jornal, Carlos Morais José.

Já há algumas semanas que CMJ vem contemplando os leitores do Hoje Macau com fortes críticas ao Dalai Lama e aos apoiantes das suas reivindicações para o povo tibetano. Recordo-me, nomeadamente, do seu editorial de 9 de Abril e do artigo de opinião que escreveu dois dias depois, onde me chamou «neo-monge indignado».

Cada um é livre de ter a sua opinião e ambos temos expressado abertamente a nossa nesta matéria. É claro que, se eu vivesse do lado de lá da fronteira, seria preso apenas por ter uma bandeira do Dalai Lama, quanto mais por simpatizar publicamente com o antigo Prémio Nobel da Paz, mas isso é um pormenor que não parece ter relevância nas análises que CMJ faz sobre o regime chinês. Um regime, aliás, que prende jornalistas e lhes veda sistematicamente o acesso aos locais onde os acontecimentos "sensíveis" têm lugar, como o próprio Hoje Macau menciona em relação ao local onde decorreram as conversações de domingo passado entre representantes do Dalai Lama e do governo central. Mas CMJ, enquanto jornalista, também não parece ficar muito incomodado com isso. Adiante, que não quero ser novamente acusado de me limitar a uma «prosa copy paste» cheia de «lugares-comuns»...

O que já me parece menos adequado é CMJ apresentar como notícia (esta, assinada por ele na edição em papel, embora o seu nome não apareça na versão online) o que, no conteúdo, se afigura como um verdadeiro texto de opinião (por comparação, vejam-se esta e esta notícias do jornal Público sobre o mesmo assunto). As críticas de CMJ aos "pró-tibetanos" parecem, assim, ter "evoluído" de um editorial para um artigo de opinião e, agora, para as próprias notícias. Quando assim acontece, já é a objectividade do jornal, enquanto órgão noticioso, que começa a ser atingida.

Desde que João Costeira Varela anunciou a sua saída do Hoje Macau, tenho sentido uma mudança que não me entusiasma particularmente na linha editorial deste respeitado título local, devo confessar. Cada director tem o seu estilo, é verdade, mas João Costeira Varela parecia-me mais equidistante em relação às questões políticas locais e nacionais. Espero que CMJ não me leve a mal a opinião, que é franca e aberta.

Prefiro claramente o CMJ do editorial de ontem, «Os desvios». Esse, sim, é o CMJ que eu costumava ler com gosto! Fica a nota.

3 comentários:

Anónimo disse...

Muito bem. Apoiado.

Anónimo disse...

Parabéns pela sua frontalidade e pela clarividência da ideia exposta.

Um Abraço

Nuno Lima Bastos disse...

Obrigado!
Um abraço