30 de Abril de 2009
Em ano de triplas eleições em Portugal, o deputado socialista José Lello veio a Macau efectuar contactos com a comunidade e as associações lusófonas, seguindo o percurso habitual de José Cesário. Terá sido, contudo, mais discreto (ou menos eficaz no trabalho mediático) do que o seu adversário político laranja, já que as suas movimentações por cá encontraram pouco eco na comunicação social. Em compensação, jogou astutamente com as datas, fazendo a viagem coincidir com as celebrações do 25 de Abril, o que lhe garantiu visibilidade fácil junto dos potenciais eleitores aqui residentes ao comparecer em eventos como inaugurações de mostras de artistas plásticos ou o jantar aberto realizado no Clube Militar (onde teve direito a lugar na mesa de honra).
José Lello veio, ainda, tentar relançar a secção local do PS. Neste tocante, só o tempo dirá se será mais bem sucedido do que José Cesário, que também manifestara essa intenção ao convocar as últimas eleições do PSD-Macau, em Julho de 2007, mas acabando por esfarelar a estrutura, ao ponto de esta parecer já só existir no papel (a propósito, alguém sabe quem é o actual líder laranja no território?).
Olhando para estas “coincidências”, não é difícil imaginar que o secretário internacional rosa andou a fazer contas aos votos – contas, aliás, bastante simples: nas eleições legislativas de 2005, o PSD obteve 7707 votos no círculo de «Fora da Europa», onde Macau se insere, contra 3607 do PS, arrebatando os dois lugares em disputa, como é consabido. Isto significa que os socialistas ficaram a meros 247 votos de repartir esses assentos. Um obstáculo facílimo de ultrapassar com uma mãozinha de alguma das associações locais de matriz portuguesa mais representativas.
As hipóteses mais óbvias seriam a ATFPM ou a APOMAC, não só pelo seu número de associados, mas também pela capacidade de mobilização que têm revelado ao longo dos anos: aquela serviu de trampolim a Pereira Coutinho para a Assembleia Legislativa e, já por duas vezes, para o Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP); esta representou, estou em crer, o grosso dos 560 votos que Fernando Gomes recolheu em 2003 contra Pereira Coutinho no primeiro sufrágio local para o CCP (onde Jorge Fão deu instruções aos membros da APOMAC para votarem no médico), assim como tem servido de apoio às pretensões eleitorais de David Chow.
Sucede que os dirigentes da APOMAC têm mantido um bom relacionamento com José Cesário desde que este se tornou deputado pela emigração, pelo que a aposta de José Lello deverá recair na ATFPM. Ademais, há precisamente um ano, esta conseguiu cativar 2540 pessoas para irem ao consulado pôr o seu boletim nas urnas e recolocar toda a equipa de Pereira Coutinho no CCP, não obstante a ausência de oponentes. É claro que havia aí uma diferença fundamental em relação às eleições legislativas ou presidenciais portuguesas: para votar, bastava a inscrição consular, pelo que o universo eleitoral era, pelo menos, dez ou onze vezes superior ao dos escrutínios para os nossos representantes em São Bento e Belém (tendo em conta o número de cidadãos portugueses recenseados no consulado de Macau).
Seja como for, se a ATFPM lançar, nos próximos tempos, uma campanha para ajudar os seus associados a se recensearem no consulado, já poderemos conjecturar com mais segurança sobre o que vai acontecer lá mais para o final do ano...
José Lello veio, ainda, tentar relançar a secção local do PS. Neste tocante, só o tempo dirá se será mais bem sucedido do que José Cesário, que também manifestara essa intenção ao convocar as últimas eleições do PSD-Macau, em Julho de 2007, mas acabando por esfarelar a estrutura, ao ponto de esta parecer já só existir no papel (a propósito, alguém sabe quem é o actual líder laranja no território?).
Olhando para estas “coincidências”, não é difícil imaginar que o secretário internacional rosa andou a fazer contas aos votos – contas, aliás, bastante simples: nas eleições legislativas de 2005, o PSD obteve 7707 votos no círculo de «Fora da Europa», onde Macau se insere, contra 3607 do PS, arrebatando os dois lugares em disputa, como é consabido. Isto significa que os socialistas ficaram a meros 247 votos de repartir esses assentos. Um obstáculo facílimo de ultrapassar com uma mãozinha de alguma das associações locais de matriz portuguesa mais representativas.
As hipóteses mais óbvias seriam a ATFPM ou a APOMAC, não só pelo seu número de associados, mas também pela capacidade de mobilização que têm revelado ao longo dos anos: aquela serviu de trampolim a Pereira Coutinho para a Assembleia Legislativa e, já por duas vezes, para o Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP); esta representou, estou em crer, o grosso dos 560 votos que Fernando Gomes recolheu em 2003 contra Pereira Coutinho no primeiro sufrágio local para o CCP (onde Jorge Fão deu instruções aos membros da APOMAC para votarem no médico), assim como tem servido de apoio às pretensões eleitorais de David Chow.
Sucede que os dirigentes da APOMAC têm mantido um bom relacionamento com José Cesário desde que este se tornou deputado pela emigração, pelo que a aposta de José Lello deverá recair na ATFPM. Ademais, há precisamente um ano, esta conseguiu cativar 2540 pessoas para irem ao consulado pôr o seu boletim nas urnas e recolocar toda a equipa de Pereira Coutinho no CCP, não obstante a ausência de oponentes. É claro que havia aí uma diferença fundamental em relação às eleições legislativas ou presidenciais portuguesas: para votar, bastava a inscrição consular, pelo que o universo eleitoral era, pelo menos, dez ou onze vezes superior ao dos escrutínios para os nossos representantes em São Bento e Belém (tendo em conta o número de cidadãos portugueses recenseados no consulado de Macau).
Seja como for, se a ATFPM lançar, nos próximos tempos, uma campanha para ajudar os seus associados a se recensearem no consulado, já poderemos conjecturar com mais segurança sobre o que vai acontecer lá mais para o final do ano...
Porque hoje é escasso o tempo, resta-me acrescentar que José Lello, enquanto Secretário de Estado das Comunidades do primeiro governo de José Guterres, foi o grande responsável pela façanha de impor ao PSD a sua única derrota na emigração de que tenho memória. Estávamos em 1999 e o PS conseguiu então ficar com três dos quatro lugares em causa: os dois da Europa (com 14155 votos, contra 6276 do PSD) e um de Fora da Europa (com 6578 votos, contra 8332 do PSD), invertendo o habitual 3-1 favorável aos laranjas. Irá a estrelinha do responsável rosa brilhar novamente? Pelo menos, já se está a mexer...
Adenda: em dois curtos parágrafos, o jornalista José Miguel Encarnação conseguiu resumir com grande lucidez esta deslocação de José Lello a Macau. Foi no seu artigo «Negócio» do semanário O Clarim de 1 de Maio.
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