16 de Abril de 2009
O Chefe do Executivo desloca-se hoje à Assembleia Legislativa para responder a questões diversas dos deputados e apresentar as próximas medidas da sua equipa para fazer face aos efeitos da crise financeira internacional. Uma delas, já se sabe, é o bis do «plano de comparticipação pecuniária no desenvolvimento económico», cujo pretexto original fora a elevada inflação que atingia o território em meados de 2008.
Uma vez mais, é escolhida estrategicamente a data de anúncio do subsídio: há um ano, foi a 22 de Abril, perante o espectro da reedição do conturbado Primeiro de Maio de 2007 (e a chegada da tocha olímpica); agora, é de novo na aproximação a um Dia do Trabalhador com potencial para mobilizar o descontentamento gerado pelas consequências sociais da retracção da economia.
A grande incógnita – além dos montantes: seis mil e quatro mil patacas? – é, pois, saber se o Governo aprendeu alguma coisa com a primeira experiência e decidiu introduzir mecanismos de justiça social na aplicação desta política.
Em 29 de Maio último, antecipei que a entrega indiscriminada do dinheiro a toda a população iria conduzir a que boa parte dele fosse desbaratada em gastos voluptuários, que nada tinham a ver com situações de carência relevante: viagens, roupa da moda, telemóveis e outros “brinquedos”, por exemplo. Além de que, em muitos casos, as patacas seriam totalmente gastas no exterior, em nada contribuindo para a economia local.
O telejornal de ontem reavivou-me essa crónica, com a câmara da TDM na rua a indagar os transeuntes sobre o uso que haviam dado ao subsídio e a maioria respondendo, precisamente, o que eu supusera. Um deles até refutou de imediato a alternativa da atribuição de vales médicos com o argumento de que os hospitais de Macau não precisavam de dinheiro!
A jornalista bem que podia ter-lhe explicado que o mérito desses vales seria a faculdade da sua utilização junto de qualquer médico a exercer legalmente no território, permitindo, assim, aos cidadãos escolher quem quisessem para os tratar, em vez de se confinarem aos profissionais do serviço público de saúde e se sujeitarem às extensas listas de espera das consultas de certas especialidades. Assim não sucedeu e o entrevistado também não teve o discernimento de ver o assunto nessa perspectiva (provavelmente, era daqueles que trocam de telemóvel duas vezes por ano, mas nunca vão ao dentista).
Obviamente, quem devia ter ponderado a alternativa era o Governo. Aliás, com tantas consultas públicas que tem feito nos últimos tempos, porque não lançar também uma sobre isto? Claro, não o fez porque a medida foi um “coelho tirado da cartola” à última da hora, sem a necessária ponderação, como referi atrás. Este ano, contudo, já não havia motivo para reincidir no erro. Só que, agora, há a necessidade de dinamizar o consumo tout court, presumo...
Perspicaz foi aquela miúda em uniforme escolar que, confessando embora ter aplicado o primeiro bónus no pagamento da sua viagem de finalistas a Taiwan (o que, ainda que compreensível, não integra o meu conceito de carência social...), assumiu, contra si própria, que os jovens da sua idade não tinham maturidade suficiente para gerir adequadamente esse dinheiro, pelo que o melhor seria o Executivo os apoiar de outra forma.
Perante este bom momento televisivo, lembrei-me do popular concurso americano «Are you smarter than a 5th grader?», em que crianças “arrasam” os adultos com verdadeiras lições de cultura geral. Cabe ao Chefe do Executivo responder mais logo a esta questão...
Uma vez mais, é escolhida estrategicamente a data de anúncio do subsídio: há um ano, foi a 22 de Abril, perante o espectro da reedição do conturbado Primeiro de Maio de 2007 (e a chegada da tocha olímpica); agora, é de novo na aproximação a um Dia do Trabalhador com potencial para mobilizar o descontentamento gerado pelas consequências sociais da retracção da economia.
A grande incógnita – além dos montantes: seis mil e quatro mil patacas? – é, pois, saber se o Governo aprendeu alguma coisa com a primeira experiência e decidiu introduzir mecanismos de justiça social na aplicação desta política.
Em 29 de Maio último, antecipei que a entrega indiscriminada do dinheiro a toda a população iria conduzir a que boa parte dele fosse desbaratada em gastos voluptuários, que nada tinham a ver com situações de carência relevante: viagens, roupa da moda, telemóveis e outros “brinquedos”, por exemplo. Além de que, em muitos casos, as patacas seriam totalmente gastas no exterior, em nada contribuindo para a economia local.
O telejornal de ontem reavivou-me essa crónica, com a câmara da TDM na rua a indagar os transeuntes sobre o uso que haviam dado ao subsídio e a maioria respondendo, precisamente, o que eu supusera. Um deles até refutou de imediato a alternativa da atribuição de vales médicos com o argumento de que os hospitais de Macau não precisavam de dinheiro!
A jornalista bem que podia ter-lhe explicado que o mérito desses vales seria a faculdade da sua utilização junto de qualquer médico a exercer legalmente no território, permitindo, assim, aos cidadãos escolher quem quisessem para os tratar, em vez de se confinarem aos profissionais do serviço público de saúde e se sujeitarem às extensas listas de espera das consultas de certas especialidades. Assim não sucedeu e o entrevistado também não teve o discernimento de ver o assunto nessa perspectiva (provavelmente, era daqueles que trocam de telemóvel duas vezes por ano, mas nunca vão ao dentista).
Obviamente, quem devia ter ponderado a alternativa era o Governo. Aliás, com tantas consultas públicas que tem feito nos últimos tempos, porque não lançar também uma sobre isto? Claro, não o fez porque a medida foi um “coelho tirado da cartola” à última da hora, sem a necessária ponderação, como referi atrás. Este ano, contudo, já não havia motivo para reincidir no erro. Só que, agora, há a necessidade de dinamizar o consumo tout court, presumo...
Perspicaz foi aquela miúda em uniforme escolar que, confessando embora ter aplicado o primeiro bónus no pagamento da sua viagem de finalistas a Taiwan (o que, ainda que compreensível, não integra o meu conceito de carência social...), assumiu, contra si própria, que os jovens da sua idade não tinham maturidade suficiente para gerir adequadamente esse dinheiro, pelo que o melhor seria o Executivo os apoiar de outra forma.
Perante este bom momento televisivo, lembrei-me do popular concurso americano «Are you smarter than a 5th grader?», em que crianças “arrasam” os adultos com verdadeiras lições de cultura geral. Cabe ao Chefe do Executivo responder mais logo a esta questão...
Nota: agradeço ao Bairro do Oriente a menção desta crónica na sua habitual rubrica «Leituras».
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