9 de Abril de 2009
Na passada segunda-feira, a inglesa Kate Saunders, directora de comunicações da organização International Campaign for Tibet, sediada em Washington, proferiu uma palestra no Clube dos Correspondentes Estrangeiros de Hong Kong (FCC), subordinada ao tema «A great mountain burned by fire: reflections on new expressions of dissent and the crisis in Tibet» («Uma grande montanha queimada pelo fogo: reflexões sobre novas expressões de dissensão e a crise no Tibete»).
O tema era sensível e isso ficou bem expresso nas pressões exercidas pelas autoridades centrais para tentar impedir a iniciativa. Desde logo, quando o FCC a anunciou, o seu vice-presidente, Tom Mitchell, foi chamado ao Comissariado do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) chinês em Hong Kong, onde lhe foi manifestada total oposição ao evento. Mitchell não cedeu e propôs-lhes, em alternativa, que designassem um palestrante para apresentar a perspectiva oficial sobre o assunto, proporcionando, assim, um debate justo. Adiou a sessão e ficou a aguardar o nome do elemento governamental, debalde. Ao fim de três inéditas semanas de delonga, o FCC decidiu mesmo avançar com aquilo a que se propusera.
Restava saber se Saunders conseguiria entrar no território, não só por causa do desagrado do MNE chinês – que foi ao ponto de emitir um comunicado, expressando a firme objecção do Governo Central à «entrada de separatistas tibetanos em Hong Kong para levar a cabo quaisquer actividades separatistas» –, mas também porque já lhe fora recusado um visto de entrada no continente em Março, tendo, na ocasião, sido convidada a ir à embaixada chinesa em Londres prestar esclarecimentos sobre as suas actividades.
O tema era sensível e isso ficou bem expresso nas pressões exercidas pelas autoridades centrais para tentar impedir a iniciativa. Desde logo, quando o FCC a anunciou, o seu vice-presidente, Tom Mitchell, foi chamado ao Comissariado do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) chinês em Hong Kong, onde lhe foi manifestada total oposição ao evento. Mitchell não cedeu e propôs-lhes, em alternativa, que designassem um palestrante para apresentar a perspectiva oficial sobre o assunto, proporcionando, assim, um debate justo. Adiou a sessão e ficou a aguardar o nome do elemento governamental, debalde. Ao fim de três inéditas semanas de delonga, o FCC decidiu mesmo avançar com aquilo a que se propusera.
Restava saber se Saunders conseguiria entrar no território, não só por causa do desagrado do MNE chinês – que foi ao ponto de emitir um comunicado, expressando a firme objecção do Governo Central à «entrada de separatistas tibetanos em Hong Kong para levar a cabo quaisquer actividades separatistas» –, mas também porque já lhe fora recusado um visto de entrada no continente em Março, tendo, na ocasião, sido convidada a ir à embaixada chinesa em Londres prestar esclarecimentos sobre as suas actividades.
Afinal, cruzou mesmo a fronteira de Chek Lap Kok sem nenhum problema! No aeroporto, nenhuma autoridade a “entrevistou”. Muito menos recebeu qualquer “aviso” sobre o que poderia ou não poderia fazer durante a sua estada (contrariamente ao sucedido, por exemplo, com Mia Farrow pouco antes da última Olimpíada de Verão).
Kate Saunders não se considera uma activista, mas uma «monitora» da situação do povo tibetano, e insiste que nunca participou em actividades separatistas. Ainda assim, no almoço-debate do FCC, foi bastante dura, apontando as movimentações políticas para impedir a sua presença ali como mais uma prova dos esforços de Pequim para encobrir a repressão no Tibete e silenciar toda e qualquer discussão que não se conforme com o discurso oficial sobre o tema.
A propósito deste incidente, um editorialista do South China Morning Post escreveu que a conduta das autoridades de Hong Kong dera descanso aos receios de que a «querida liberdade de expressão» do território estivesse ameaçada. E continuou: «o Tibete é um tópico sensível. A opinião de Pequim é bem conhecida e inabalável. Mas o modelo “um país, dois sistemas” e a Lei Básica garantem que, conquanto as leis não sejam violadas, os pontos de vista sobre qualquer assunto podem ser aberta e livremente aqui manifestados». E ainda teve fôlego para dirigir umas linhas ao Governo Central: «Pequim não devia ter tentado bloquear a palestra. Os seus funcionários precisam de aprender como transmitir as políticas do Governo, em vez de dizer às outras pessoas para não expressarem os seus pontos de vista».
Por acaso, este editorialista até é contra a independência do Tibete. E deixou-o bem claro no seu texto, justificando, no entanto, que «não temos que concordar com a senhora Saunders para defender o seu direito a expressar os seus pensamentos. Hong Kong deixaria de ser o nosso querido lar se começássemos a impedir as pessoas com opiniões não conformistas de aqui virem».
Uma verdadeira lição de tolerância e liberdade de imprensa! E outra grande lição das autoridades de Hong Kong, que, uma vez mais, souberam respeitar o primado da lei – a lei do segundo sistema, o tal que Deng Xiao Ping concebeu e os Governos da China e do Reino Unido se concertaram para materializar. Mais palavras para quê?
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